A pequenina Filipeia de Nossa Senhora das Neves, fundada aos 5 de agosto de 1585, obteve tal título exarado da memória litúrgica, venerada pelos colonizadores luso-ibéricos. Celebramos 427 anos de fundação. Nossos ancestrais conheceram a exploração e o domínio dos que extraíam as riquezas da terra, servindo-se do escravagismo que deixou no rosto marcas amargas do complexo de inferioridade e dependência. Entanto, os invasores foram profligados pelos aborígenes organizados informalmente, insuflados pelos próprios exploradores. A exploração foi sempre a sina contra a qual lutamos.
Hoje o desafio é libertar-nos do atraso, através do acesso à educação, à saúde pública, à moradia, à capacitação para o trabalho e assim por diante. O povo paraibano aprende a não depender e sim a empreender sempre mais. Nossa índole guerreira luta contra outros forasteiros que, entanto, reproduzem o mesmo esquema da corrupção de outrora que seduz, contamina, acomoda e desqualifica o espírito altaneiro e hospitaleiro do povo paraibano. Cabe-nos descortinar horizontes mais amplos e seguir em frente como construtores da cidade e da cidadania ordeira, pacífica, solidária, convivial.
O nome emblemático do Rio Paraíba, águas difíceis de navegar, prenunciou a formação da personalidade do povo que contorna sérios obstáculos que se apresentam de forma inexorável. A água é bênção, sinal de fertilidade que nos convoca a somar forças, transformando ameaças em oportunidades imperdíveis. O que torna difícil a navegação rumo ao progresso nas abençoadas águas da vida são as intrigas e as divisões entre grupos político-partidários que insistem em se impor de forma exclusiva e excludente, rompendo a comunhão da construção conjunta. É estranha a contradição de quem toma em vão o nome da democracia para tal expediente.
Hoje a vida é plural. A sociedade, o mundo, as pessoas, as instituições tentam convergir para metas que se integram e se complementam. A tarefa da construção permanente do bem da coletividade é um desafio, como a manutenção da unidade na diversidade é também desafiante. Há espaço para todos aqueles que se dispõem a trabalhar efetivamente em projetos que solidificam o desenvolvimento das pessoas, das famílias e da própria sociedade. A solidariedade consubstancia-se com a subsidiariedade partilhando experiências exitosas, distribuindo responsabilidades, traçando objetivos, cobrando resultado. O ideal da concidadania não é utopia. É certeza de que a vida planejada garante o presente e o futuro, distribuindo oportunidades.







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