O calendário santoral celebra a memória de São João Maria Vanney, Patrono dos sacerdotes, no dia quatro de agosto; no Brasil, essa celebração sempre tem um tratamento pastoral especial, por estar a Igreja vivendo o “Mês vocacional”. Dentre todas as vocações que têm seu lugar, no plano de Deus, a vocação ao sacerdócio tem uma especial razão de ser porque diz respeito ao ministério ordenado; com efeito, o sacerdote recebe o Sacramento da Ordem, no grau presbiteral, e, dessa maneira, está revestido do poder batizar crianças, jovens e adultos, de celebrar a Eucaristia, de perdoar pecados, de ungir doentes e enfermos, de assistir Matrimônios; enfim, o sacerdote recebe a graça de participar desses mistérios de Deus, em seu próprio benefício e em favor do povo. A vocação para o ministério presbiteral já aponta ao vocacionado o caminho do serviço ao Reino de Deus, de forma plena. Ao ser ordenado, o ministro encontra a razão de sua felicidade, e, portanto, de sua realização, exatamente, nessas duas faces do sacerdócio, ao criar uma união intensa com Deus e ao suscitar uma comunhão no serviço solidário aos seus semelhantes.
O sacerdócio é um dom do amor de Deus à humanidade; isso se revela na atividade ministerial dos sacerdotes, exercida com amor. Na terra, a chave que abre a porta para o relacionamento dos seres humanos é o amor; na vida do sacerdote é um pressuposto. Sem dúvida, o amor, vivido na sua inteireza, dá a justa medida da felicidade do sacerdote, enquanto servidor. De fato, ninguém é feliz sem estar bem consigo e se não estiver identificado com aquilo que faz. Na verdade, como qualquer pessoa, o sacerdote se realiza, no sentido mais profundo de sua existência, na medida em que está identificado com seu agir sacerdotal.
Portanto, a felicidade do sacerdote se encontra no seu próprio ser de “homem de Deus” (1Tm 6,11). São Paulo deixou esse precioso ensinamento a Timóteo: que vivesse segundo essa condição de “homem de Deus”. Pela ordenação sacerdotal, cada sacerdote se tornou “homem de Deus”; essa face de seu ser o dignifica e o responsabiliza diante de Deus, da Igreja e da sociedade. “Precisamente porque pertence a Cristo, o presbítero encontra-se radicalmente ao serviço dos homens: é ministro da sua salvação, nesta progressiva assunção da vontade de Cristo, na oração, no ‘estar coração a coração’ com Ele.”
Seguramente, mais do que em qualquer pessoa, a vocação do sacerdote é de natureza relacional e compreende sempre a dimensão da intimidade com Deus e do serviço aos irmãos. A relação com Deus faz parte da essência de ser do ser sacerdote que vive “para o Senhor”. “Quem vive para si mesmo não tem, para alimentar a própria alegria, mais que um objeto finito, mísero e o mais precário possível, e por isso está inexoravelmente destinado à tristeza. Mas quem vive ‘para o Senhor’ tem, para alegrar-se, um objeto e um motivo infinitamente grandes, divinos e sempre novos. A própria alegria do Senhor torna-se dele, como afirma o mesmo Jesus: ‘Eu vos disse estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja total.’(Jo 15,11)” A atividade pastoral, exercida diuturnamente, faz do dia a dia do sacerdote uma doação constante aos seus irmãos.
O Cura d’Ars, como “homem de Deus”, foi e continua sendo um exemplo para todos os sacerdotes, pela vida de oração e pelo generoso serviço os fiéis.
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.






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