Virtude e fraqueza, graça e pecado são faces da vida de qualquer pessoa humana. Por experiência, todos conhecem o rosto do erro, da fraqueza e do pecado, desde o religioso mais espiritualizado ao fiel mais humilde. Tudo isso está muito presente no cotidiano humano e se manifesta nas mais diversas formas. “Temos fraquezas em várias áreas da vida. Temos fraquezas físicas, emocionais, morais, existenciais e espirituais. Somos constantemente atropelados por essas fraquezas.”
Os erros e fraquezas fazem parte da natureza humana. Nem sempre, porém, as pessoas se colocam, criticamente, diante deles; veem-nos, com facilidade, nos outros; da mesma forma, os outros os percebem, de imediato, naqueles que não os enxerga em si. Tudo que se situa na esfera humana está sujeito a fraquezas e erros. Aliás, a máxima popular já afirma que “Errar é humano”.
Como geralmente acontece, numa pessoa, os erros aparecem mais visivelmente que as qualidades; com certeza, as pessoas contribuem pra isso, na medida em que não os corrigem, em tempo. A consciência dos erros é o primeiro passo para sua erradicação; a atitude de desconhecê-los ou relativizá-los, por sinal, uma prática muito comum, é uma maneira de não eliminá-los, no momento preciso. Portanto, o pecado é uma realidade na vida humana, desde suas origens, como se conhece pela Revelação, pelo magistério da Igreja e pela experiência individual; o pecado, que é uma manifestação de fraqueza, não é uma realidade abstrata. Todos o identificam em si, nos outros, na história.
Os erros, fraquezas e pecados levam, em muitos casos, à degradação humana. Todos cometem erros, em maior ou menor densidade, qualquer que seja o prisma sob o qual se veja o ser humano; as fraquezas estão presentes na postura de cada um, frente à sua própria condição, que, afinal, sabe que tem um coração de pecador. O pecado é sempre uma ofensa ao próprio pecador, à comunidade e a Deus. A dimensão comunitária do pecado sempre está presente, qualquer que seja o aspecto sob o qual se manifesta - administrativo, ético, sexual; revela-se aí a dimensão social do pecado porque atinge a comunidade, atinge a Igreja. Por exemplo, na mente do povo, jamais poderiam acontecer os crimes e pecados de pedofilia no universo familiar; no entanto, as estatísticas mais elevadas e preocupantes encontram-se, exatamente, dentro dos lares; no coração do povo, são impensáveis casos de pedofilia no mundo eclesiástico; todavia, embora inaceitáveis, são muito visíveis em pessoas que, por ofício, têm a responsabilidade de defender a dignidade da vida, em qualquer esfera. A teologia ensina que a Igreja é santa e pecadora, em sua face histórica e terrestre; disso São Paulo tinha uma consciência muito aguda, ao se referir à “comunhão esponsal” entre Cristo e a Igreja. (cf. Ef 5,25-27)
Assim, os fiéis, quando se comportam dignamente, tornam santa a vida da Igreja, em sua caminhada terrestre; por seus erros, fraquezas e pecados, tornam a Igreja mais pecadora. Há, então, uma responsabilidade muito grande de parte de quem reconhece, em sua vida, as marcas da fraqueza humana, em razão dos erros cometidos, porque não os corrige, em tempo; as fraquezas, apesar de identificadas, nem sempre são pedagogicamente superadas; os pecados repetidos estão dizendo que o pecador não se empenha, devidamente, na edificação de uma vida espiritualmente sólida.
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.






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