A passagem de um ano, de uma década,
de um centenário, de um milênio sempre traz uma sensação peculiar na vida das
pessoas e uma linguagem especial na história das instituições. Não obstante a
linha do tempo seja contínua, as civilizações fizeram a sua divisão porque
necessitavam de parâmetros referenciais, em vista de determinados registros. Na
verdade, na esfera humana, tudo é visto no tempo, de forma que hoje, com o
aprimoramento científico, técnico e tecnológico, essa divisão é feita, com
precisão, em décimos, centésimos e milésimos de segundo, segundos, minutos,
dias, semanas, meses, anos, séculos e milênios. A longevidade humana não se
compara à das instituições, muito embora lhe seja superior em tudo. Enquanto no
tempo do salmista (Salmo 89(90) a longevidade chegava aos setenta anos, “os
mais robustos” chegavam aos oitenta, hoje alguns “mais robustos” ainda passam
dos cem anos. As instituições, todavia, chegam a registros consideráveis, como
comprovam documentos históricos; os marcos materiais das civilizações são o
melhor atestado de longevidade, como mostram inúmeros monumentos, em diversos
países.
Na demarcação da linha do tempo, habitualmente,
fala-se de passado, presente e futuro. Em se tratando da história, fala-se de
passado e presente porque, obviamente, o futuro não pode ser considerado
história. É importante que seja considerado o passado, pelo legado que deixa na
vida presente das pessoas, em termos de conquistas e realizações, e na história
das instituições, pelo registro de êxitos e desacertos. É muito importante, que
cada pessoa possa olhar o momento presente de sua vida e que cada instituição
possa contemplar sua ação porque, assim, já se vislumbra o futuro, se enxerga o
amanhã e se prepara o depois.
A passagem de 2013 para 2014 tem essa
linguagem para as pessoas porque o olhar sobre a vida não é feita de maneira
indiferente, tampouco o olhar sobre sua história será feita de maneira fria. A
realização dos projetos humanos tem um elevado grau de satisfação e as
frustrações sempre provocam muitos desgastes. Nesse processo, as pessoas se
avaliam e podem ser avaliadas. Em vista de um proveito maior, é necessário que
façam isso com o devido grau de responsabilidade nesse momento de sua história.
Até por força de disposições legais, as instituições identificam o seu “status
quo” mediante uma leitura atenta do “balanço de final de ano” que revela a sua
performance, de conformidade com os resultados apresentados. Com efeito, as
pessoas e as instituições nunca podem deixar de se ver na linha do tempo porque
isso faz parte do seu ser.
2014 já faz parte da história e, para a
sociedade brasileira, tem um perfil próprio porque, no âmbito dos poderes
executivo e legislativo, serão escolhidos homens e mulheres para o exercício de
cargos públicos nos níveis federal e estadual. A população espera que as
políticas públicas não sejam apenas pauta de discursos interesseiros de
candidatos, à cata de votos, mas constituam objeto de definição de ações administrativas
e parlamentares, visando um quadriênio mais esperançoso para o povo brasileiro.
Ao lado de um olhar criterioso em torno de seu lugar na história, não faltarão às
pessoas a graça de Deus, como creem os cristãos, e a intercessão dos santos e
santas, como acreditam os católicos, para que cumpram seus deveres como
cidadãos e cidadãs. Às instituições civis e públicas cabe a tarefa de se
avaliarem constantemente, conscientes de sua responsabilidade na prestação de serviço
à população.
Dom
Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE
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