sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Na linha do tempo


            A passagem de um ano, de uma década, de um centenário, de um milênio sempre traz uma sensação peculiar na vida das pessoas e uma linguagem especial na história das instituições. Não obstante a linha do tempo seja contínua, as civilizações fizeram a sua divisão porque necessitavam de parâmetros referenciais, em vista de determinados registros. Na verdade, na esfera humana, tudo é visto no tempo, de forma que hoje, com o aprimoramento científico, técnico e tecnológico, essa divisão é feita, com precisão, em décimos, centésimos e milésimos de segundo, segundos, minutos, dias, semanas, meses, anos, séculos e milênios. A longevidade humana não se compara à das instituições, muito embora lhe seja superior em tudo. Enquanto no tempo do salmista (Salmo 89(90) a longevidade chegava aos setenta anos, “os mais robustos” chegavam aos oitenta, hoje alguns “mais robustos” ainda passam dos cem anos. As instituições, todavia, chegam a registros consideráveis, como comprovam documentos históricos; os marcos materiais das civilizações são o melhor atestado de longevidade, como mostram inúmeros monumentos, em diversos países.

            Na demarcação da linha do tempo, habitualmente, fala-se de passado, presente e futuro. Em se tratando da história, fala-se de passado e presente porque, obviamente, o futuro não pode ser considerado história. É importante que seja considerado o passado, pelo legado que deixa na vida presente das pessoas, em termos de conquistas e realizações, e na história das instituições, pelo registro de êxitos e desacertos. É muito importante, que cada pessoa possa olhar o momento presente de sua vida e que cada instituição possa contemplar sua ação porque, assim, já se vislumbra o futuro, se enxerga o amanhã e se prepara o depois.

A passagem de 2013 para 2014 tem essa linguagem para as pessoas porque o olhar sobre a vida não é feita de maneira indiferente, tampouco o olhar sobre sua história será feita de maneira fria. A realização dos projetos humanos tem um elevado grau de satisfação e as frustrações sempre provocam muitos desgastes. Nesse processo, as pessoas se avaliam e podem ser avaliadas. Em vista de um proveito maior, é necessário que façam isso com o devido grau de responsabilidade nesse momento de sua história. Até por força de disposições legais, as instituições identificam o seu “status quo” mediante uma leitura atenta do “balanço de final de ano” que revela a sua performance, de conformidade com os resultados apresentados. Com efeito, as pessoas e as instituições nunca podem deixar de se ver na linha do tempo porque isso faz parte do seu ser.

 2014 já faz parte da história e, para a sociedade brasileira, tem um perfil próprio porque, no âmbito dos poderes executivo e legislativo, serão escolhidos homens e mulheres para o exercício de cargos públicos nos níveis federal e estadual. A população espera que as políticas públicas não sejam apenas pauta de discursos interesseiros de candidatos, à cata de votos, mas constituam objeto de definição de ações administrativas e parlamentares, visando um quadriênio mais esperançoso para o povo brasileiro. Ao lado de um olhar criterioso em torno de seu lugar na história, não faltarão às pessoas a graça de Deus, como creem os cristãos, e a intercessão dos santos e santas, como acreditam os católicos, para que cumpram seus deveres como cidadãos e cidadãs. Às instituições civis e públicas cabe a tarefa de se avaliarem constantemente, conscientes de sua responsabilidade na prestação de serviço à população.
                       
Dom Genival Saraiva

                                    Bispo de Palmares - PE

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