Olharão
para Aquele que transpassaram (Jo 19, 37)
Juiz de Fora, 15 de
fevereiro de 2014
Querido povo de
Deus presente na Diocese de Caicó
Amado seja por
toda parte o Sagrado Coração de Jesus!
Meus irmãos no ministério ordenado,
minhas irmãs e meus irmãos consagrados e minhas irmãs e meus irmãos fieis
leigos, acolho com muita alegria esta minha nomeação para exercer o ministério
episcopal junto com vocês. Acolho com alegria por ter percebido, após um
discernimento inaciano, que isto era vontade de Deus. Acolho com alegria por
ser no nordeste do Brasil, pois sou carioca filho de alagoanos. Fui batizado e
crismado na catedral de Penedo- AL, apesar de nunca ter morado no nordeste.
Estive inúmeras vezes visitando o nordeste e sempre me senti identificado com o
povo nordestino, com a sua calorosa receptividade, com a sua religiosidade, com
o seu folclore, com a sua culinária, com a sua música etc. Faço minhas as
palavras de Santo Agostinho: “Para vocês sou bispo, com vocês sou cristão”. Quero caminhar com vocês, buscando fazer com prazer a
vontade do Pai.
Quando foi anunciada a minha nomeação
estava pregando o retiro para os seminaristas diocesanos de Nova Iguaçu (RJ) e
por isso não pude lhes escrever antes.
Quando fui consultado pelo Núncio
Apostólico no último dia 29, me vieram ao coração as palavras do papa Francisco
na homilia da missa dos Santos Óleos do Ano passado: “...isto vo-lo peço: sede pastores com o
«cheiro das ovelhas», que se sinta este –, serem pastores no meio do seu
rebanho, e pescadores de homens”. Também me vieram as palavras do papa
Francisco aos bispos responsáveis do Celam, no encerramento da JMJ, no Rio de
Janeiro: “Quem guia a pastoral, a |Missão Continental (seja programática, seja
paradigmática), é o Bispo. Ele deve guiar, que não é o mesmo que dominar...Os
Bispos devem ser Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande
mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a
pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como
simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de
príncipes”. Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja
sem viver na expectativa de outra. Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que
lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o
seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas sobretudo para fazer
crescer a esperança: que haja sol e luz nos corações. Homens capazes de
sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar do
Bispo para estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho,
ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para
evitar que alguém se atrase mas também, e fundamentalmente, porque o próprio
rebanho tem o seu faro para encontrar novos caminhos”. Comungo plenamente com
essas palavras e desejo vivê-las no meu ministério.
Tomei consciência que vocês celebrarão
75 anos da criação da diocese no próximo dia 25 de novembro, dia do meu
aniversário. Venho para somar nesta caminhada, acolhendo como graça tudo que
foi feito pelos meus antecessores: Dom José de Medeiros Delgado, Dom José
Adelino Dantas, Dom Manoel Tavares de Araújo, Dom Heitor de Araújo Sales, Dom
Jaime Vieira Rocha e Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, OFMCap. Quero caminhar
em caminhar com os meus irmãos no episcopado, sobretudo com os bispos do
Regional NE 2.
Ao longo dos meus 21 anos de ministério
presbiteral trabalhei a maior parte do tempo como formador, por isso quero
acolher a todos os seminaristas de nossa diocese. Convido a Diocese a rezar e a
promover as vocações sacerdotais e religiosas. Como religioso MSC trabalhei em
comunhão com a CRB. Quero acolher com um carinho especial todos os consagrados
e todas as consagradas. Trabalhei também com a Pastoral da Juventude, pois
minha vocação brotou neste meio. Quero acolher todos os jovens com carinho e
convidá-los a oferecer o vigor da sua juventude para a edificação do Reino de
Deus. Fui vigário paroquial em diversas paróquias. Acolho todas as paróquias da
nossa diocese convidando-as a serem uma igreja viva. Durante vários anos
acompanhei nas casas de recuperação para dependentes químicos. Admiro o
trabalho daqueles que se dedicam a esta missão tão redentora. Convido aos
nossos dependentes a acreditarem na libertação que Cristo trouxe. Ultimamente
estava acompanhando um grupo de casais. Que possamos fazer o melhor para que
nossas famílias sejam uma igreja doméstica. Acolho todos os enfermos e idosos,
todos os que sofrem, todos os que se sentem excluídos, que possamos encontrar
Aquele que cura os corações feridos.
Por fim, quero acolher e estar aberto a
todos, não só aos membros da Diocese de Caicó, mas aos irmãos e às irmãs de
outras denominações religiosas, aos irmãos e às irmãs que não creem. Com
certeza Aquele e aquilo que nos une é muito maior do que tudo aquilo que nos
separa.
Quando o Núncio Apostólico me apresentou
o nome da Diocese a primeira coisa que me veio a mente foi a canção tão
conhecida: “O mana deixa eu ir, o mana eu vou só, O mana deixa eu ir, para o sertão de Caicó”.
Com certeza eu não vou só. Vou impulsionado pelo Espírito daquele que me
enviou, vou apoiado pela Congregação dos Missionários do Sagrado, minha família
religiosa, vou sabendo que estarei indo para o meio de irmãos e irmãs. A canção
vai me levando.
Minha ordenação episcopal será no dia
10/5, véspera da Festa do Bom Pastor, às 9h, na Matriz de S. Pedro de
Alcântara, no bairro de Alcântara, em S. Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro,
na Arquidiocese de Niterói. A posse está marcada para o dia 24/5, às 17h na
Catedral de Santana, aí em Caicó.
Rezem por mim para que eu seja fiel
Àquele que me confiou esta missão.
Que Nossa Senhora do Sagrado Coração,
que S. José – exemplo e padroeiro daqueles que amam o Sagrado Coração e Santana
possam interceder por todos nós.
De peito aberto...
Pe. Antonio Carlos Cruz Santos, msc
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