Na vida das pessoas ocorrem situações que exigem
posicionamentos, diante de decisões que devem ser tomadas; da mesma forma, na
história das instituições registram-se fatos que requerem encaminhamentos,
diante doe seu percurso corriqueiro ou de urgências. Quaisquer que sejam essas
situações e esses fatos, definições pertinentes devem ser adotadas, no contexto
em que em se realizam. As pessoas se deparam com situações que são vividas de
forma regular ou de modo excepcional que exigem um compatível grau de
discernimento. O discernimento é a capacidade que tem a pessoa de ler a
realidade com a lente da objetividade, da serenidade, da verdade; numa perspectiva
de fé, é uma virtude mediante a qual o Espírito Santo ilumina o ser humano para
enxergar essa realidade com o olhar de Deus.
Diante de
escolhas importantes na vida, ninguém pode dispensar o discernimento. Por não
levarem isso em conta, há pessoas que, mesmo exercendo funções qualificadas, em
razão de seu ofício, cometem erros grosseiros.
Isso ocorre porque não percebem a necessidade de buscar alternativas ou de
entender a importância de alternâncias em suas atitudes, desconhecendo, assim, que
o seu “modus vivendi” é, reconhecidamente, muito dinâmico, em qualquer
contexto. Nesses dias de carnaval, por exemplo, muitas pessoas e muitas
famílias se colocaram diante de alternativas: “brincar o carnaval” ou descansar
no sítio; viajar ou “fazer o retiro de carnaval”. Dado que a realidade não é
estática, além de alternativas, à sua escolha, as pessoas também podem
vivenciar situações que exigem a alternância de atitudes e, então, fazem opções
e estabelecem prioridades. Longe de assemelhar-se “ao caniço agitado pelo
vento”, essa alternância de atitudes é sinal de lucidez e maturidade, em face
de escolhas apropriadas que cada um deve fazer, em sua vida.
Por sua vez, a
sociedade, da mesma maneira, tem sempre diante de si alternativas para o
enfrentamento de problemas. Nesses dias, esboça-se a discussão para liberação
do consumo da maconha que deve, obviamente, ser objeto de regulamentação.
Embora haja pressão de segmentos da sociedade, não se pode conduzir essa
discussão de modo superficial, uma vez que são muitos os ângulos de
visualização do problema e de suas consequências. Se for chamada a ser ouvida,
a sociedade deve ter bom senso e discernimento para encontrar soluções
alternativas. Este ano, a sociedade acompanha o calendário eleitoral, com a
oportunidade de formação de uma consciência política. Ante a obrigatoriedade da
participação, mediante o voto, os eleitores têm alternativas de siglas
partidárias e de candidatos a vários cargos eletivos, em face de sua escolha
que deve ser sempre feita na ótica do bem comum,. Numa sociedade livre, o voto
dos eleitores é a via para promover a alternância no poder que, na verdade, é
uma nota distintiva da democracia. A alternância de pessoas e de partidos no
comando dos destinos dos Municípios, dos Estados e da União é sempre muito
benéfico, enquanto a perpetuidade de famílias e de grupos políticos é uma clara
demonstração de hegemonia social e de poder econômico.
As pessoas têm
a capacidade de nortear suas escolhas de vida, conforme as alternativas que
estão à sua frente e as instituições escrevem o seu registro na história na
medida em que possibilitam a prática democrática da alternância no poder.
Dom Genival
Saraiva
Bispo de
Palmares - PE
0 comentários:
Postar um comentário