A Igreja católica, como bem o diz este adjetivo, deve anunciar o Evangelho a todas as nações, chegando até os “confins da terra”, como ordenou Jesus, momentos antes de sua Ascensão ao céu. Uma das páginas mais edificantes da história da Igreja, ao longo dos tempos, registra, precisamente, essa sua vocação missionária, assumida por ministros ordenados, por pessoas consagradas e por leigos que testemunham o Evangelho, com grande generosidade. Com efeito, a história da Igreja e a história da missão estão intimamente relacionadas e integradas.
Alguns bispos, que exercem o trabalho pastoral em Dioceses da Província Eclesiástica de Olinda e Recife, do Regional Nordeste 2 e do Norte 2, a convite da Comunidade Obra de Maria, participaram de uma viagem missionária a dois países da África – Moçambique e Angola -, com a finalidade de conhecer a face da missão da Igreja em algumas cidades e lugarejos que contam com a presença de brasileiros, missionários e missionárias, ao lado das forças locais da evangelização. Esses leigos e leigas, movidos pelo Espírito que suscita carismas em todos os tempos, consagraram sua vida à missão, inserindo-se nos “movimentos eclesiais” e “novas comunidades”.
Por sua peculiaridade, o Continente africano fala à humanidade, ao mundo político e, particularmente, à Igreja. A natureza é exuberante e cáustica, conforme o lugar, a cor da pele seu povo é um traço comum e marcante, a sua cultura é diversificadamente rica, a pobreza e a riqueza coexistem, como na maioria dos países das Américas e Ásia, a sua religiosidade, visivelmente pluralista, é percebida nos sentimentos e gestos das pessoas e grupos. A África, claramente, tem linguagem própria nesses e em outros aspectos da sua fisionomia.
Por uma amostragem, não muito significativa cientificamente, pôde-se perceber, nessa visita misionária, que a África é um Continente de contrastes, a partir de uma constatação limitada do perfil de parte da população, em Moçambique, Angola e África do Sul. Maputo, Luanda e Johannesburg são megacidades, em relação ao interior do seu respectivo país. É chocante o contraste entre a visão aérea das cidades grandes com a vida às escuras de cidades e casas de populações rurais, no interior. Chama a atenção a precariedade do sistema da venda de produtos, inclusive alimentícios, nas áreas populares e à beira das estradas. É muito contrastante o “vai e vem” de centenas de pessoas, no interior de grandes aeroportos e sua agradável temperatura, e nas estradas de chão batido, sob o efeito do sol quente! Nada têm em comum casas sofisticadas, grandes edifícios e condomínios e as chopanas de palha, casas de madeira e de taipa. As políticas públicas não existem, como um dado visível, nas áreas visitadas, no interior. O olhar dos bispos, porém, não contemplou apenas os contrastes, que são evidentes, porque enxergou dignidade na vida de pobreza das pessoas.
A ótica pastoral dos bispos visitantes identificou uma face da Igreja missionária nas áreas visitadas, em Moçambique e Angola. Os bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas, que vivem nas Arquidioceses de Beira e Luanda e nas Dioceses de Chimoio e Cabinda, têm uma consciência e uma prática missionárias que falam de seu realismo pastoral. A vida do povo está muito presente em suas bem participadas celebrações eucarísticas que se expressam por seus ritos, gestos, cantos e instrumentos. Os missionários e missionárias do Brasil - sacerdotes, religiosas e leigos-, muitos ligados à Obra de Maria, são uma presença servidora no trabalho de evangelização, em paróquias, hospitais, abrigos de órfãos, escolas e na Fazenda da Esperança. Jesus se vê nessas pessoas da África que são assistidas pela caridade destes irmãos servidores.
A visita pastoral a Moçambique e Angola deu aos bispos uma consciência mais exata da missionariedade da Igreja Católica; de forma muito eloquente, falou ao seu coração pastoral a missão assumida, efetivamente, por jovens e adultos brasileiros em terras africanas.
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.






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