quinta-feira, 31 de maio de 2012

Segundo dia do Encontro Mundial das Famílias


Na manhã desta quinta-feira, 31 de maio, no local de eventos onde acontece o VII Encontro Mundial das Famílias em Milão, presidiu a mesa Dom Jean Laffitte, secretário do Pontifício Conselho para a Família. A primeira conferência foi ministrada por dom Dionigi Tettamanzi, cardeal arcebispo emérito de Milão. Ele abordou o  tema: “A família e o trabalho hoje à luz da fé”.

Confira as anotações de Pe. Rafael Fornasier, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da CNBB que se encontra em Milão:

Apoiando-se nas Escrituras, apontou a necessidade de equilíbrio entre o trabalho, o descanso e a festa no seio da família. Lembrou também o aspecto de gratuidade, fundada no amor, nas relações trabalhistas que devem encontrar sua fonte na vida da família. Citou aqui a encíclica do Papa Bento XVI, Deus Caristas est. Indicou uma necessidade urgente na responsabilidade educativa. Desenvolveu, em seguida, o aforismo: Sem trabalho, que família é possível? Sem família, que trabalho é possível?

Após a pausa, o sociólogo, professor da PUC de Santiago e membro da Pontifícia Academia das Ciências Sociais abordou o tema: “Família e trabalho hoje: entre oportunidade e precariedade”. Insistiu na necessária mudança de horizonte cultural, que passa pelo reconhecimento da capital humano presente no seio da família. Diante da grande novidade social do século XX, ou seja, o trabalho da mulher, a busca de um novo ajuste da familiar é um desafio, para que esta conquista da valorização da mulher não se torna somente expressão de exagerado individualismo, que chega a negar a comunhão e a maternidade. Para ele, o trabalho não tem só um aspecto objetivo, mas também de subjetividade, que desenvolve a liberdade e busca também satisfação. A trabalho ajuda a pessoa a construir sua vida como vocação, a desenvolver a liberdade e suas possibilidades.

A família e o trabalho hoje à luz da fé


Dionigi Tettamanzi, arcebispo emérito de Milão
Cita a carta aos Hebreus, 5,  “manter os olhos fixos em Jesus, que porta a nossa fé ao seu cumprimento”. Os nossos olhos estão sobre Jesus. Devemos descobrir a dimensão familiar do trabalho. E difundida a ideia da relação do trabalho com a pessoa e não com a família. Também o trabalho entra numa relacionalidade de amor, e o sobretudo o amor familiar, que encontro no Senhor sua fonte, seu sustento. Família e trabalho são considerados numa ótica de pura utilidade. Como é possível se liberar desta lógica? Busquemos a resposta na Palavra de Deus.

Primeira coisa, então, é a Palavra de Deus. Lembra o livro do Gênesis. A bênção de Deus sobre o trabalho é dita no Salmo 128: “a esposa como vinha fecunda, e o teu filho como ..., viverá do trabalho de tuas mãos.” Tudo é colocado sob o sinal da bênção de Deus. O trabalho então aparece como resposta à bênção de Deus. A bênção de Deus passa através da família e se abre ao aspecto social representada na bênção de Jerusalém

Um outro aspecto bíblico da relação família e trabalho é o repouso do sábado. Na comunhão com Deus é que o homem encontra sua plenitude humana, em particular em seu trabalho. As relações sociais são distintas quando se percebe a necessidade do tempo de repouso e de festa.

Com o conflito entre capital e trabalho, a doutrina social da Igreja traçou algumas orientações, a fim de operar as mudanças sociais urgentes naquela época, mas também hoje. Podemos seguir a doutrina social da Igreja nesta relação economia-trabalho.

Trata de quatro aspectos sociais do ensinamento social de Bento XVI. Primeiro na Deus Caristas est, onde toda realidade é unificada no amor de Deus. A encíclica lembra a necessidade de um desenvolvimento integral do homem, cuja alma é a caridade. A economia e a vida social deveriam ser plasmada pelo dom (cf. 38). Há algo novo. A caridade e a gratuidade colocam o homem na estupefato. É mais forte a atração da caridade. A gratuidade ressalta que a realização não é somente pessoal, mas de toda a humanidade. Ela é uma dimensão qualitativa das relações interpessoais e sociais. Onde ela aparece mais viva, é na família. Esta é capaz de transmitir isso à vida social. Por isso, ela não é só ambiente afetivo.

Dom Tettamanzi deu algumas dados sobre a desemprego dentre os jovens e pobreza que ameaçam a vida das famílias.

O ethos é fonte de justiça, de gratuidade, de generosidade para a família e o trabalho. Dois momentos éticos: a liberdade de relacionar os elementos do trabalho e da festa. Se há uma necessidade muito grande da responsabilidade educativa. A questão do trabalho é cultural. O homem deve regular o mercado e não o mercado ao homem.

Sem trabalho, que família é possível? Sem trabalho não ela não pode se constituir, e se é constituída será debilitada. Hoje se tem um desafio de solidariedade. Deve haver um maior sentido social, que cria uma maior familiaridade entre direito e dever.O Salvador santifica o trabalho através de seu próprio trabalho, por isso o nostro trabalho se torna fonte de salvação para nós e para os outros. Cremos nisto ?

Família e trabalho hoje: entre oportunidade e precariedade


Pedro Morandè Court (Sociólogo do Chile). Professor da PUC do Chile
Todas as pessoas trabalham mais do que necessitam. O trabalho não tem só um aspecto objetivo, mas também de subjetiba, que desenvolve a liberdade e busca também satisfação. A trabalho ajuda a pessoa a construir sua vida como vocação, a desenvolver a liberdade e possibilidades.

O trabalho se transferiu da grande produção ao saber técnico-científico. A família é um fator essencial de capital humano. Para que o sujeito entenda sua vida como vocação, a família deve ser entendida como a melhor situação de comunhão humana.

Segundo fator de nosso época: acesso da mulher ao trabalho remunerado. Esta é maior revolução social do século XX, que ainda está em curso. A antiga dependência da mulher deve ser reorganizada para ela possa se realizar. Porém, houve alguns problemas como o excesso do individualismo dos membros da família, que teve por consequência mais separações. A mulher passou a ver também a maternidade como problema e não como bênção de Deus. No caso do contexto latino-americano, há número grande de filhos nascidos fora do matrimônio.

A família tem gastado mais com objetos de consumo, como aparelhos domésticos, carros, e férias, do que com alimentação. Deve-se pensar numa cultura do trabalho pós-industrial.

Fonte: CNBB

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