Carta de Proposições da Diocese de Pesqueira para os Candidatos/as ao Poder Executivo nas eleições municipais 2012
“Caminhar é ir em busca de metas. Significa mover-se para ajudar muitos outros a moverem-se, no sentido de tudo fazer para criar um mundo mais justo e humano.”
(Dom Hélder Câmara)
Como Igreja, comunidade de comunidades, samaritana, fraterna e em comunhão com os oprimidos que se libertam, reafirmamos o nosso compromisso com as dores e angústias, as alegrias e esperanças particularmente dos que sofrem. Queremos fortalecer a fé na construção de Outro Mundo Necessário e Possível, cujos sinais se expressam já aqui pela ação dos pobres.
Denunciamos a violência das estruturas injustas que oprimem os pobres, exterminam as crianças e os jovens, ferem a dignidade das mulheres, alimentam a discriminação, desrespeitam a Terra e seus filhos. Não podemos nos calar diante da iniqüidade da corrupção de nossa sociedade perversa e pervertedora, que reclama profundas reformas do Estado vigente e de toda economia para que efetivamente estejam a serviço da vida e garantam os direitos de toda população, impulsionando uma sociedade sustentável, nas trilhas da Justiça e da Paz.
Vimos propor algumas ações políticas importantes e urgentes a serem desenvolvidas pelos próximos governos de nossos municípios:
1. Consideramos fundamental a ampliação das oportunidades de trabalho, com a diversificação e aumento substancial de possibilidades de emprego e garantia do pagamento de salário justo. Neste sentido, é de fundamental importância:
- a implementação de uma política que oportunize a inclusão dos jovens no mercado de trabalho;
- a valorização e incentivo à economia solidária e às iniciativas de geração de renda.
2. As graves crises e problemas ambientais – tais como a poluição, as monoculturas, o aquecimento global e tantos outros – exigem a ampliação das práticas ecológicas sustentáveis e responsáveis. É, pois, necessário, que se fortaleçam as exigências éticas em defesa da vida e do meio ambiente para:
- garantir a água como um bem público e patrimônio da humanidade, de destinação universal a todos os seres vivos.
- proteger a biodiversidade em nossa região.
- adotar o consumo ecologicamente correto e socialmente justo;
- praticar a separação dos resíduos na fonte;
- realizar a coleta seletiva, a reciclagem, a reutilização, etc.;
- criar e fortalecer as organizações dos catadores de materiais recicláveis.
- assegurar o uso dos solos agricultáveis principalmente para os pequenos agricultores, comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.
- garantir a legalização e a posse das terras dos povos indígenas e quilombolas.
3. É indispensável a implementação de uma política agrícola
- que privilegie as ações de convivência com o semiárido, a partir dos interesses, aptidões e da realidade local e familiar, valorizando as alternativas, experiências e recursos locais;
- que proporcione apoio e fortalecimento dos fóruns e articulações da sociedade civil para a conquista de políticas públicas no semiárido, tais como a Articulação do Semiárido – ASA, a Rede de Educação no Semiárido – RESAB e outros fóruns do semiárido;
- que realize parcerias com programas e projetos de desenvolvimento sustentável no semiárido.
- que ofereça formação para a convivência com o Semiárido, através de uma proposta de educação contextualizada na rede pública de ensino e de incentivo à educação comunitária.
A construção de uma sociedade justa e solidária requer a participação cidadã, o esforço coletivo em vista do bem comum. Requer uma administração justa, equilibrada e transparente dos bens públicos a fim de garantir a credibilidade tão necessária para a participação popular. Inclui ainda a exigência por ética na política e, consequentemente, a fiscalização da conduta dos candidatos, fazendo valer a Lei 9.840/99, contra a Corrupção Eleitoral.
Acreditamos que é nosso direito e dever participar efetivamente deste processo político em todos os âmbitos e promover a participação de outras tantas pessoas na Igreja, na política, nos conselhos municipais, estaduais e federais, na defesa do meio ambiente, das fontes de água e do SUS. Reiteramos, pois, o nosso compromisso de mobilizar as forças possíveis para a participação popular, através da valorização e habilitação dos Conselheiros Paritários - para que atuem com eficiência e eficácia - e da integração e articulação entre nossos municípios no Consórcio Dom Mariano (CONDOMAR)
Como batizados/as, conscientes de nossa missão, nos disponibilizamos a impulsionar o compromisso com o profetismo pela justiça a serviço da vida, no campo e na cidade. Caminhamos como cidadãs e cidadãos do Reino, rumo à Galiléia, onde faremos memória da morte e ressurreição do Nazareno em cada gesto de solidariedade entre nós e com os mais necessitados.
O inesquecível Luiz Gonzaga, que completaria 100 anos em dezembro próximo, fez da sanfona o seu instrumento para alegrar e fazer dançar o nosso povo. Também nós queremos utilizar a Política como instrumento para reunir, animar e movimentar todas as pessoas para a dança da vida e que ela seja digna, bela e duradoura.
Pesqueira, 10 de setembro de 2012
Dom José Luiz Ferreira Salles, CSsR
Bispo da Diocese de Pesqueira
Fonte: Pascom da Diocese de Pequeira







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