sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Jubileu da Diocese de Palmares na Assembleia Legislativa de Pernambuco

Em comemoração aos 50 anos de criação e fundação da Diocese de Palmares, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizou uma sessão solene. O bispo de Palmares e presidente da CNBB Regional NE2 (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte), Dom Genival Saraiva, participou da homenagem e, por ocasião da celebração, falou: 

Afirma um conhecido provérbio: “Recordar é viver”. Vivo, com alegria, esse momento, ao vir hoje a esta Assembleia Legislativa de Pernambuco, pela quinta vez. Venho hoje, como nas vindas anteriores, não a título pessoal, mas sempre por uma razão de caráter institucional. Em 2003, aqui estive para receber o Título de Cidadão Pernambucano, uma deferência desta Casa, ao aprovar a propositura do então Dep. Pedro Eurico. Interpretei que a honrosa concessão da cidadania pernambucana se relaciounou com a minha condição de Bispo Diocesano de Palmares. Na segunda vez, a convite da ex-Deputada Ceça Ribeiro, que presidia a Comissão de Defesa do Meio Ambiente, vim, em nome do Regional Nordeste 2, para falar sobre o tema da Campanha da Fraternidade, em 2007, - “Fraternidade e Amazônia”, vivido à luz do lema “Vida e missão neste chão”. Na terceira vez, em 2009, aqui estive para receber a Medalha do Mérito Frei Caneca, concedida à Igreja Católica, homenagem que lhe foi prestada, graças à inicitiva da ex-Dep. Teresinha Nunes. Na quarta vez, participei da abertura dos trabalhos legislativos, em agosto de 2010; atendendo a uma solicitação do ex-Dep. Pedro Eurico, pude apresentar aos Senhores Deputados e Deputadas um relato das consequências das inundações que atingiram milhares de pessoas, em diversos Municípios da Mata Sul, na ótica da Diocese de Palmares. Por especial gentileza do Dep. Henrique Queiroz, acolhida por seus pares, compareci a esta Casa dos Pernambucanos, pela quarta vez, para receber a Medalha do Mérito Democrático e Popular Frei Caneca. Naquela oportunidade, também interpretei o gesto desta Casa como uma especial atenção à Diocese de Palmares que, como muitas instituições da sociedade, assumiu as angústias e sofrimentos da população, de forma solidária, num momento realmente difícil, com as dolorosas consequências das inundações de junho de 2010.

Aqui me encontro, outra vez, em razão do Jubileu Áureo da Diocese de Palmares, para receber a homenagem que lhe presta a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, uma iniciativa do Dep. Aluísio Lessa, acolhida por seus pares. Em que pese o fato de estar mais presente em determinadas áreas, por sua origem e por sua atuação parlamentar, cada Deputado e cada Deputada têm um olhar pernambucano e, por isso, entendem o porquê de requerimentos de seus colegas, como o “requerimento nº 1509/2012” do Dep. Aluísio Lessa, e o subscrevem, quando apresentados no plenário. Assim sendo, fica registrado, desde agora, o agradecimento da Diocese de Palmares à “Casa de todos os Pernambucanos”, por esta homenagem carregada de ricos simbolismos.

Os Jubileus, além de sua linguagem simbólica, têm um significado histórico, social, científico, cultural, político, econômico, religioso, na vida das pessoas, das famílias e das instituições, de conformidade com a natureza do objeto de sua comemoração. Eis o motivo pelo qual fala muito a uma pessoa a lembrança do decênio de seu primeiro emprego; toca muito o coração de um casal a comemoração das Bodas de Prata de seu casamento, da qual compartilham filhos, familiares e amigos; via de regra, é comemorado, com muito sentido, o Jubileu de Ouro de uma instituição.

A Bíblia fala do Jubileu, no seu sentido histórico-religioso. “Para o povo de Israel e, segundo a lei de Moisés, o jubileu era um tempo dedicado de modo particular a Deus. (...) O ano jubilar está em estreita relação com o ano sabático: é o ano que segue um ciclo de sete anos sabáticos e, portanto, o quinquagésimo ano. Nas suas linhas gerais este ano tem as mesmas características do ano sabático: descanso da terra e libertação dos escravos. Mas, no que diz respeito ao perdão das dividas, a legislação exige, de um modo veemente, a devolução dos bens aos seus antigos proprietários, a recuperação do património e o regresso ao seu clã (família/tribo). Cada um retomava o seu antigo lugar na família e na sociedade.” “O costume de celebrar os Jubileus, como um tempo dedicado de modo particular a Deus, tem início no Antigo testamento e reencontra a sua continuação na história da Igreja (TMA 11)”. “O Jubileu é uma comemoração religiosa da Igreja Católica, celebrada dentro de um Ano Santo, mas o que difere deste é que a celebração jubilar é feita de 25 em 25 anos.” Vista no tempo, a Diocese de Palmares foi criada, no dia 13 de janeiro de 1962, pelo Papa João XXIII, hoje Beato João XXIII; foi instalada no dia 23 de setembro, quando foi empossado o seu primeiro Bispo, Dom Acácio Rodrigues Alves; esse fato aconteceu nas vésperas do início das Sessões do Concílio Vaticano II, cujo cinquentenário será comemorado, a partir deste ano até 2015. Na sua instalação, em 1962, 15 Municípios faziam parte de seu território: 5 Municípios desbembrados da Arquidiocese de Olinda e Recife: Cortês, Gameleira, Ribeirão, Rio Formoso e Sirinhaém e 10 Municípios desmembrados da Diocese de Garanhuns: Água Preta, Barreiros, Belém de Maria, Catende, Cupira, Joaquim Nabuco, Lagoa dos Gatos, Maraial, Palmares e São José da Coroa Grande. Em 1987, a Diocese comemorou o seu Jubileu de Prata, com o mesmo número de 15 Municípios. Ao celebrar seu Jubileu de Ouro, com a criação dos Municípios de Tamandaré, Xexéu e Jaqueira, há 18 Municípios no seu território, com uma população de 471.273 habitantes, conforme o Censo de 2010. 

A Diocese de Palmares celebra seu Jubileu com um olhar histórico e religioso, obviamente. Nasceu com o sopro renovador do Concílio Vaticano e, assim, seguiu seu caminho, no trabalho da evangelização. Despretensiosamente, podemos afirmar que, por muitos traços históricos, a Diocese de Palmares é identificada na Mata Sul de Pernambuco, por sua ação pastoral, durante os trinta e oito anos do pastoreio de seu primeiro Bispo e assim prossegue no seu trabalho de evangelização, através de suas Pastorais: Pastoral Social, Pastoral da Criança, Pastoral do Menor, Pastoral da Sobriedade, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral Carcerária, Pastoral do Pescadores, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral Vocacional, Pastoral Vocacional Diaconal, Pastoral Litúrgica, Pastoral do Dízimo, Pastoral das Juventudes - grupos de jovens, de movimentos eclesiais, do meio popular, estudantil e outros, Pastoral Familiar, Pastoral do Batismo, Catequese, Renovação Carismática Católica, Equipes de Nossa Senhora, Movimento de Evangelização, Ceb e Movimento Focolare. Como as demais Arquidioceses e Dioceses do Regional Nordeste 2, a Diocese de Palmares continua empenhada na animação das Santas Missões Populares, um meio providencial para que, predominantemente, os leigos e leigas, na sua condição de discípulos e discípulas de Jesus Cristo, se tornem missionários e missionárias. Além de estimular os que vivem sua fé, os missionários e missionárias atuam junto aos católicos afastados e àqueles que, embora se dizendo católicos, não praticam sua fé; outra frente da ação dos missionários e missionária, conforme a linha pastoral da Conferência de Aparecida, deve se dar junto a muitas pessoas que estão marcadas pelo indiferentismo religioso, fenômeno muito acentuado na sociedade contemporânea, para o qual o Papa Bento XVI tem chamado a atenção, em seu magistério.

Por sua condição de instituição religiosa, a Diocese de Palmares se vê no arco desses cinquenta anos, com o olhar de Deus. O Concílio Vaticano II definiu uma Diocese como “porção do povo de Deus”. É com a oração de Ação de Graças que a Diocese de Palmares celebra este Jubileu. Asim procurou viver o Triênio Pastoral 2009/2012, assim procurou celebrar o seu Ano Jubilar 2011/2012: na oração de louvor a Deus, por seu grande amor, de ação de graças, pelos benefícios recebidos, de súplica, diante de suas necessidades e de penitência, diante de seus pecados, por ação e omissão.

Além do seu olhar sobre si mesma, a Diocese é vista pela ótica de pessoas e instituições da sociedade civil e política, precisamente, como acontece nesta solenidade, na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Qualquer que seja o seu ângulo, essa visão da sociedade civil e política representa uma responsabilidade para a Diocese de Palmares, nessa comemoração de seu Jubileu Áureo, ante a necessidade de corresponder melhor à confiança e à credibilidade de que goza, perante a população, ou de tudo fazer para que isso aconteça. 

A concelebração de Ação de Graças, no dia 23 de setembro, às 16h30, em Palmares, presidida pelo Sr. Núncio Apostólico, Dom Giovanni d’Aniello, com a participação dos Bispos do Regional Nordeste 2, sacerdotes, religiosos e fiéis será o momento culminante da comemoração jubilar. Com alegria, renovo o convite aos Senhores Deputados, às Senhoras Deputadas, aos funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa de Pernambuco para estarem conosco.

Por esta homenagem da Assembleia Legislativa de Pernambuco à jubilar Diocese de Palmares, ao Sr. Presidente e demais membros da Mesa, ao Dep. Aluísio Lessa e aos funcionários, expresso os agradecimentos dos nossos diocesanos, alguns aqui presentes, representando suas Paróquias, Pastorais, Movimentos e Associações. Deus os abençoe, Deus abençoe a todos que, nesta Casa, prestam um serviço à cidadania pernambucana.

Dom Genival Saraiva de França
Bispo de Palmares – PE

Recife, 19 de setembro de 2012

Fonte: Pascom da Diocese de Palmares 

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