Como eu estou colaborando na construção de ambientes sadios, tentando
dar os meus humildes préstimos como tributo para os alicerces da civilização do
amor, da paz, da fraternidade solidária? Meu verdadeiro interesse pela
felicidade das pessoas é sincero? Tento transmitir afeto e compreensão diante
dos que fracassam, descartados, rejeitados, excluídos da comunhão? O que faço
para diminuir a dor dos que carregam o fardo da cruz das suas próprias
fraquezas, apontadas pelos que se julgam impolutos, ilibados, puritanos?
Conheço a situação real dos que são banidos da convivência dos bons?
Por vezes escutamos e embarcamos nas fofocas animadas sobre as culpas da
vida pregressa de alguém, submetido ao escárnio dos que se deliciam com sua
queda. Consigo trazer em minha bagagem espiritual o antídoto da compaixão,
aliviando o desconforto de quem está sufocado, intoxicado pelo veneno de
comentários inoportunos, não raro, inverídicos?
Tento me esforçar para ser bálsamo aplicado qual lenitivo nas feridas da
alma, ressequidas pela tristeza de quem perde a alegria de viver? Assumo
atitudes proativas, tentando fazer aos que precisam e merecem ao menos um pouco
de bem através de pequeninos gestos de conforto e esperança? Qual é mesmo o
compromisso que assumi, em horas de consolo e alegria, tomando a firme
resolução de me abrir aos outros, em vez de permanecer fechado nos meus
caprichos egoístas?
Estou convicto de que meus gestos são gratuitos e generosos, sem exigir
resultados imediatos nem confetes e aplausos, granjeando a promoção das minhas
vaidades? Ou esqueço tudo quanto meditei na Palavra? Por receio de desagradar
se não imitar a moda, por medo dos que falam pelas costas e riem de mim, anelo
aos deboches apimentados, machucando ainda mais os corações quebrantados pelas
coisas ditas com ironia mordaz, espalhadas por críticas amargas, capazes de
desestruturar alguém mais frágil?
O que faço para tentar transformar a realidade que nos cerca, cheia de
contradições, como também carregada de sinais de vida e de esperança? Estou
consciente de meus limites e simplicidade humilde e despretensiosa dos meus
gestos que, por mínimos que sejam, entanto fazem grande diferença para dar
sentido à vida? Que valor eu dou ao sacrifício diário, empenhado como
investimento na melhoria de vida das pessoas, dando-lhes crédito, ajudando-as a
criar condições para se sentirem mais amadas e seguras?
Ou não, assumo a atitude passiva, cômoda, covarde, típica de invejosos
que desferem farpas e vomitam negatividades, desejosas de ver as pessoas
desqualificadas, suas iniciativas abortadas, suas expectativas frustradas? Por
que não tentar transformar o nosso egoísmo e perseguição em amor, dedicação,
teimosa resistência pelo bem?
São questionamentos apropriados para quem se prepara durante o advento
do Natal e ano novo que se aproximam. Para uma frutuosa preparação, nós podemos
dispor da Novena do Natal em família, utilizando o subsídio que ora é
amplamente divulgado em todas as nossas paróquias. Nossa triste constatação é
perceber claramente que, mesmo entre nós cristãos, o Natal de Jesus foi
encampado pelo comércio, reduzido a um evento altamente lucrativo, de caráter
consumista. A figura representativa do encanto do Natal do menino Jesus foi
substituída pelo papai noel, tão obeso como a volúpia do prazer de possuir e
manipular coisas materiais.
Dom Aldo Pagotto
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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