terça-feira, 28 de maio de 2013

Muitos nomes


O nome é um elemento de identidade de uma pessoa. No relacionamento social, todos são conhecidos pelo seu nome. Via de regra, ninguém escolhe seu nome. Em se tratando das pessoas, isso ocorre antes do nascimento da criança, por escolha dos pais, cujo ato deve ser formalizado no Cartório do Registro Civil, por disposições legais.
Na Bíblia, encontram-se muitas pessoas que tiveram uma missão na história da salvação cujos nomes são conhecidos. A mãe de Jesus é uma dessas pessoas. No momento da Anunciação, em razão da missão que recebeu, é saudada pelo Arcanjo Gabriel como “cheia de graça.” O Evangelista Lucas escreveu: “A Virgem se chamava Maria.” (Lc 1,27) Vendo-a sob os mais diversos ângulos, no seu culto de veneração, a devoção popular lhe deu muitos nomes, ao longo dos milênios. Com efeito, há “farta documentação sobre títulos, invocações de Nossa Senhora, a Senhora dos Mil Nomes. (...) Invocações e Títulos, no sentido lato, são sinônimos, mas no sentido restrito, invocações são chamamentos e títulos, honrarias.” São muitas as invocações e inúmeros os títulos que estão nos lábios dos fiéis católicos, em sua oração à Virgem Maria. Referem-se tanto à sua missão na história da salvação - Mãe de Deus, Imaculada Conceição, Virgem Maria -, a uma razão particular da devoção do povo - Nossa Senhora das Graças, dos Remédios, do Perpétuo Socorro -, ou ao lugar de suas aparições - Nossa Senhora de Guadalupe, Lourdes, Fátima.
Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, o culto que é dirigido unicamente a Deus - latria (adoração) - se distingue daquele que é dirigido aos santos - dulia; como dentre os santos e santas sobressai a pessoa de Maria, o culto que lhe é prestado - hiperdulia - representa uma especial veneração dos católicos. Da compreensão dessa natureza diversa do culto de latria, dulia e hiperdulia, é oportuno salientar que o culto aos santos e à Virgem Maria não distancia as pessoas de Deus. Ao tratar do lugar de Maria na obra da redenção, ensina o Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium: “Um só é o nosso Mediador segundo as palavras do Apóstolo: ‘porque um só é Deus, também há um só Mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que se entregou para redenção de todos’ (1Tm 2,5-6). Todavia a materna missão de Maria a favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui esta mediação única de Cristo, mas até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da Bem-aventurada Virgem a favor dos homens não se origina de alguma necessidade interna, mas do divino beneplácito. Flui dos superabundantes méritos de Cristo, repousa na Sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a força. De modo algum impede, mas até favorece a união imediata dos fiéis com Cristo.”
Maria, portanto, é uma intercessora da humanidade junto a Deus. Exerceu esse papel já enquanto estava na terra, basta que se tenha presente o contexto em que Jesus realizou seu primeiro milagre, nas bodas de Caná. (cf. João 2,1-11) O mês de maio é, particularmente, caro aos católicos por lhes ensejar a oportunidade de vivenciar sua devoção mariana nas formas pastorais que são cultivadas nas comunidades.

                                                           Dom Genival Saraiva
                                                           Bispo de Palmares - PE

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