terça-feira, 31 de julho de 2012

Exemplo de oração

Durante sua vida pública, em diversas oportunidades, Jesus se recolhia em oração. “Cada vez mais, sua fama se espalhava, e as multidões acorriam para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Ele, porém, se retirava para lugares desertos, onde se entregava à oração.” (Lc 5,15-16) Os apóstolos o observavam em oração: “Um dia, Jesus estava orando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos’.” (Lc 11,1) Outras vezes, “Ele lhes disse: ‘Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco’. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado.” (Mc 6,31-32)

Os cristãos precisam se inspirar na prática de Jesus que, em oração, se mantém unido ao Pai e alimenta a experiência da sua missão: “De dia fala ao povo do Pai, de noite fala do povo ao Pai.” “No NT, o modelo perfeito da oração encontra-se na oração filial de Jesus. Muitas vezes feita na solidão e no silêncio, a oração de Jesus compreendia uma adesão plena de amor à vontade do Pai até à cruz e uma absoluta confiança de ser escutado. No Seu ensino, Jesus ensina os Seus discípulos a orar com um coração purificado, com uma fé viva e perseverante, com uma audácia filial. Exorta-os à vigilância e convida-os a dirigir seus pedidos a Deus em Seu nome.”

O Papa Bento XVI, no Livro Jesus de Nazaré, do Batismo no Jordão à Transfiguração, alude às “formas falsas de oração”, como a “exposição perante os homens” e “a tagarelice, o palavreado” que levam à repetição de “formas habituais”, com o perigo de estar “o espírito totalmente longe”. “Mas precisamos também nos apoiar em fórmulas de oração, nas quais tomaram forma o encontro com Deus de toda a Igreja, bem como dos homens individualmente. De fato, sem estas ajudas para a oração, a nossa oração e a nossa imagem de Deus tornam-se subjetivas e refletem última instância, mais a nós mesmos do que o Deus vivo. (...) Elas são escolas de oração e assim transformações e aberturas da nossa vida. (...) Normalmente, o pensamento precede a palavra, procura e forma a palavra. Mas na oração dos salmos, sobretudo na oração litúrgica, passa-se o contrário: a palavra, a voz precede-nos, e o nosso espírito deve inserir-se nesta voz. (...) Isso naturalmente vale ainda mais para o Pai-Nosso: nós rezamos a Deus com as palavras dadas por Deus para Deus, quando rezamos o Pai-Nosso, diz S. Cipriano.” Segundo o Papa, “A oração não deve ser exposição perante os homens; ela exige discrição, que é essencial para uma relação de amor. Deus dirige-se a cada um individualmente com o seu próprio nome, que alias ninguém conhece, diz-nos a Escritura (Ap 2,17). O amor de Deus por cada um é totalmente pessoal e traz em si este mistério da unicidade que não deve ser divulgado aos homens. Esta discrição essencial não exclui a oração em comum: o Pai-Nosso é, como o nome indica, uma oração na primeira pessoa no plural, e somente neste estar com o ‘nós’ dos filhos de Deus é que podemos absolutamente ultrapassar as fronteiras deste mundo e chegar a Deus.”

A oração faz parte da vida de qualquer pessoa de fé; ela é, por natureza, um encontro com Deus; nela o ser humano reconhece o lugar de Deus na sua vida, manifesta a dimensão de sua fragilidade e revela a face de sua gratidão. Jesus, em oração, é o melhor exemplo de comunhão com Deus.
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.

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