No artigo anterior trouxemos alguns dados divulgados pelo Censo IBGE 2010 sobre filiação religiosa na esfera nacional, estadual e municipal. Revela-se a diminuição do número de católicos e aumento de evangélicos e pessoas que não se definem por uma religião. Na sociedade secularizada o desafio enfrentado pela Igreja Católica é a indiferença aos valores do Evangelho de Jesus. Tal fator requer da Igreja uma profunda revisão de suas práticas. Por que muitos se afastam da Igreja? Na sociedade de consumo enfrentamos o desvirtuamento ou negação dos valores éticos, morais e religiosos. A Arquidiocese da Paraíba realizou uma pesquisa científica com indicativos distribuídos em blocos de perguntas sobre: a Palavra de Deus, a Liturgia, a Caridade e questões controversas. Como a Palavra de Deus chega às pessoas, em circunstâncias e ambientes diversos; como o povo participa das celebrações da Eucaristia e demais Sacramentos; como o povo percebe a ação da Igreja voltada à Caridade e serviços de inclusão social.
O quarto bloco constou de perguntas capciosas servindo de contraponto aos blocos anteriores: sobre a crença na ressurreição ou na reencarnação; a qualidade da comunicação do bispo e dos padres com o povo; a atuação da mídia na veiculação de programações religiosas; no que a Igreja precisa melhorar e assim por diante. Apurados os indicativos, o povo nos deu sugestões valiosas a serem consideradas como sinais de alerta e oportunidades de melhorias de condições para a Evangelização. Ressalta-se a importância capital da função exercida pela mídia, abrindo um espaço privilegiado para a transmissão da fé cristã e a veiculação do testemunho dos valores cristãos que incidem na vida das pessoas e famílias. De fato, os evangélicos atribuem a sua expansão ao investimento prioritário na mídia. Há imensa penetração das TVs e rádios de orientação católica, evangélicas, ou de grupos autônomos. Até as pessoas igrejeiras identificam-se com programações oferecidas na mídia, independentemente da linha das crenças. Nota-se a busca de valores referenciais.
As amostragens das respostas sugerem melhorias nas questões básicas: os padres melhorem a forma de se comunicar e de se relacionar com o povo; sejam mais humanos, compreensivos, sem estrelismo; que se envolvam com as pastorais não com política; deem testemunho do que pregam; preguem a Palavra e visitem as casas de família; expliquem o Evangelho melhorando o jeito de celebrar e pregar a Palavra na missa; atendam às confissões; deem atenção aos casais após casamento ou em crise; ajudem e orientem os pobres e os que sofrem; trabalhem mais com os excluídos e com as comunidades. (continua)
Dom Aldo Di Cillo Pagotto é Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.
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