quarta-feira, 22 de julho de 2015

Artigo: A pastoral de Jesus

         
Tudo quanto temos para gritar ao mundo é Jesus, o Bom Pastor! Ele é a Palavra viva do Pai, o Salvador e a Salvação. É a ele que a Igreja dirige seu olhar e seu coração, para contemplá-lo, escutá-lo e nele beber das fontes da vida e da paz.

Em Israel, pastores do povo eram seus dirigentes: reis, sacerdotes, escribas, profetas. Infelizmente, de modo frequente, esses eram pastores maus e infiéis (cf. Jr 23,1-6), pois não faziam o que era de se esperar de quem apascenta: não amavam o rebanho, dele não cuidavam, com ele não se preocupavam. Faziam como a maioria dos políticos brasileiros de agora, sem terem outra preocupação que o próprio bem-estar, poder e prestígio. Assim dizia Santo Agostinho:“procuram somente o leite e a lã das ovelhas, sem com elas se preocuparem”.

Os pastores do povo de Deus, que é a Igreja, os ministros de Cristo,  também o Senhor repreende e a eles exorta a que se convertam e sejam pastores de verdade. Mas, quem é pastor de verdade na Igreja? Quem se deixa plasmar pelo verdadeiro Pastor, pelo único Pastor, aquele que é a própria justiça, a própria santidade de Deus: "Este é o nome com que o chamarão: 'Senhor, nossa Justiça'", Jesus Cristo (cf. Jr 23,6). 

Jesus: "Ao desembarcar, viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas" (cf. Mc 6,34).Que cena sublime! Jesus cansado, pensando em algo tão legítimo: um dia de descanso em companhia dos Doze. E quando chega ao local escolhido para o merecido repouso, lá estava a multidão cansada, sedenta de luz, de vida, de verdes pastagens, desorientada, como ovelhas sem pastor. E Jesus, Bom Pastor, esquece de si mesmo, deixa de lado seu cansaço e, cheio de compaixão, vai cuidar das ovelhas. Por isso mesmo, ele é o Pastor por excelência. Ele ama o rebanho, preocupa-se com ele, dele se compadece e por ele vai derramando, diariamente, a própria vida. Nunca se viu Jesus poupar-se, nunca se testemunhou Jesus fazendo um milagre em benefício próprio, nunca se apanhou o Senhor buscando algum favor para si. Toda a sua vida foi para o rebanho, por amor ao Pai, vida doada, entregue de modo total até a morte e morte de cruz. Tem razão São Paulo: "Agora, em Jesus Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato, é a nossa paz!"(Ef 2,13s). O Bom Pastor, entregando a vida pela humanidade, nos atraiu, abrindo um novo caminho, suscitando uma nova esperança, reunindo-os todos no seu aconchego, no seu coração de Pastor, dando-nos a paz e fazendo de nós a sua Igreja. No mundo de hoje, marcado por tantas divisões e violências, necessitamos anunciar que Cristo “é a nossa paz” (Ef 2,14), promovendo a reconciliação e a unidade. “Somos da paz” é o lema deste Ano da Paz, vivido pela Igreja Católica no Brasil, nos motivando a promover a paz hoje.

O exemplo de Cristo é motivo de questionamento e chamado à conversão. Sejamos como ele, sejamos presença dele no mundo, tendo seus sentimentos, suas atitudes, participando de sua entrega total. Confiemos totalmente no Senhor, ainda mesmo que passe pelo vale tenebroso, porque sabe que o pastor é fiel (cf. Sl 22). Sigamo-lo, nele coloquemos a nossa existência. A pastoral de Jesus é cuidar das multidões e dos futuros pastores (cf. Mc 6,30-34). Ninguém é na Igreja somente pastor, mas também ovelha, e ninguém é somente ovelha, mas também pastor, isto é, responsável pelos irmãos. Sejamos, hoje, solidários e acolhedores.


Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de Guarabira(PB)

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