quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Artigo: A alegria do Evangelho

Como Igreja Orante, Missionária e Samaritana, somos convidados a buscar esta Palavra verdadeira que é Cristo

"A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus": assim inicia a Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" com a qual o Papa Francisco desenvolve o tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje, recolhendo por outro lado a contribuição dos trabalhos do Sínodo que se realizou no Vaticano de 7 a 28 de Outubro de 2012, com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé". "Desejo dirigir-me aos fiéis cristãos - escreve o Papa - para os convidar a uma nova etapa de evangelização marcada por esta alegria e indicar direções para o caminho da Igreja nos próximos anos" .
Nesse retiro anual do nosso clero tivemos a alegria de que tanto nos fala o Santo Padre o Papa Francisco, de compreendermos na Palavra de Deus o motivo que nos conduz a uma transformação. Frei Bruno Secondin que nos orientou nos exercícios espirituais nos fez refletir que a Palavra de Deus nos leva a uma atitude madura.
Como Igreja orante, missionária e samaritana, somos convidados a buscar esta Palavra verdadeira que é Cristo, e que nos dias atuais precisa pegar fogo quando a escutamos e meditamos em nossos corações.
Segundo a Carta do Papa “A Igreja tem de ter uma missão que saia de si mesma para buscar os pobres e necessitados”. Por isso, se não encontrarmos nesta nossa caminhada uma fecundidade missionária, não teremos uma resposta para os dias atuais. É uma fé nutrida de fecundidade.
Como a nossa ação pastoral as vezes nos leva a prestar atenção mais aos fatos do que as pessoas, a fé torna-se um longo caminho que nos exige uma resposta convicta como humanidade. Como insiste o Papa, “ o pastor precisa sentir o odor das ovelhas”, não como um discurso superficial e sem sentido, mas, com o prazer espiritual de ser povo. Segundo o Evangelista João, “As ovelhas seguem o Bom Pastor e foge dos maus pastores” os discípulos fiéis são chamados pelo nome. Jesus é porta aberta do céu para a salvação. O pastor que se isola não é verdadeiro pastor.
O Papa nos convida a "recuperar a brisa original do Evangelho”, encontrando "novas formas" e "métodos criativos", sem deixarmos enredar Jesus nos nossos "esquemas monótonos". Precisamos de uma "uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão". Requer-se uma "reforma das estruturas" eclesiais para que "todas se tornem mais missionárias”. O Pontífice pensa também numa "conversão do papado", para que seja "mais fiel ao significado que Jesus Cristo lhe quis dar e às necessidades atuais da evangelização". A esperança de que as Conferências Episcopais pudessem dar um contributo para que "o sentido de colegialidade" se realizasse “concretamente” – afirma o Papa - "não se realizou plenamente". É necessária uma “saudável descentralização". Nesta renovação não se deve ter medo de rever costumes da Igreja "não diretamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns dos quais profundamente enraizados ao longo da história".
Sinal de acolhimento de Deus é "ter por todo o lado Igrejas com as portas abertas" para que os que vivem uma situação de procura não encontrem "a frieza de uma porta fechada". "Nem mesmo as portas dos Sacramentos se deveriam fechar por qualquer motivo". O Papa Francisco reafirma preferir uma Igreja "ferida e suja por ter saído pelas estradas, em vez de uma Igreja... preocupada em ser o centro e que acaba por ficar prisioneira num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se algo nos deve santamente perturbar... é que muitos dos nossos irmãos vivem "sem a amizade de Jesus”. Onde está o nosso ímpeto missionário?
Que esta Alegria do Evangelho nos permita um grande ardor missionário neste mês dedicado a nossa Padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres. Vamos aproveitar o testemunho de Maria e vivermos esta fidelidade ao Evangelho que é causa de nossa alegria.
Dom Antônio Muniz - Arcebispo de Maceió

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