terça-feira, 29 de julho de 2014

Os sujeitos e tarefas da conversão pastoral (I)


Queridos irmãos e irmãs!
Quero continuar a falar sobre o documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral da paróquia”. Faço-o para reconhecer a importância e a urgência do tema, pois não podemos deixar a graça da conversão pastoral, verdadeiro espirito da renovação eclesial, começada naquele evento que marcou a vida da Igreja, o Concílio Vaticano II (1962-1965). E mais, na esteira do Concílio, o que o Espírito Santo realizou na nossa Igreja latino-americana, com as conferências gerais do Episcopado: Rio de Janeiro (1956), Medellin (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007), sem esquecer a fecundidade da Igreja no Brasil, com o seu ensinamento, suas assembleias gerais, e com seus mais de 100 documentos publicados nestes mais de 50 anos de existência da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB).
Sabemos todos, irmãos e irmãs, que a vida da Igreja precisa sempre de renovação. Não é de hoje que a Igreja tem consciência disso. Desde os tempos apostólicos, passando pelo período patrístico, a Idade Média até nos tempos modernos, a consciência de que os seguidores de Jesus não podem ficar para trás, retrocederem diante da ação da graça de Deus, hoje, da missão do Espírito Santo que realiza o plano ou desígnio divino do anúncio da salvação, da chegada do Reino de Deus para todos os homens e mulheres. E mais, a própria mensagem, o querigma cristão é um anúncio de perdão, de reconciliação e de paz. Então, sempre a Igreja necessita se perguntar: “Senhor, que queres que eu faça?” Isto é, devemos sempre estar abertos ao hoje da ação do Espírito. Por isso, a convocação de Aparecida, da CNBB e agora, com muita satisfação para nós Igreja latino-americana, os apelos do Papa Francisco, para que sejamos mais missionários, isto é, uma Igreja em saída e não preocupada com seu interno e suas estruturas, quase esquecendo dos fiéis, é uma chamada de atenção, uma convocação inadiável: o seguimento a Jesus leva à sequela Christi, isto é, à imitação de Cristo, pastor, servidor, acolhedor e misericordioso. Este é o principio fundamental. A Igreja o enfatiza na sua Doutrina Social, quando reconhece que a dignidade da pessoa humana é o principio fundamental a ser defendido na sua doutrina. Mas, isto é porque o próprio Deus na sua revelação mostrou-se sempre do lado do homem e da mulher. A conversão para a missão consiste nisso: a Igreja vive para evangelizar, isto é, para ir ao encontro das pessoas e lhes anunciar o amor de Deus e ela [a Igreja], primeiramente nos seus membros, ministros ordenados e leigos engajados, deve compartilhar com as pessoas esse mesmo amor. Não esqueçamos disso: o que nós falamos sobre Deus e sua mensagem não é um conhecimento que entregamos fechado em esquemas ou sistemas de pensamento. O que anunciamos é o que vivemos. Se falamos que Deus é amor, não será suficiente se não amamos aqueles para os quais dizemos que Deus os ama. Essa é uma lei básica da missão. Segundo o documento de Aparecida, as diretrizes da ação evangelizadora da CNBB, o plano pastoral arquidiocesano e o ensinamento de Papa Francisco, não seremos fiéis a Jesus Cristo se ficarmos apenas dando receitas para curar os outros e não somos curados também. Ou, dando respostas para perguntas nunca feitas.
Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo metropolitano de Natal

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