sexta-feira, 4 de julho de 2014

Artigo: Copa do Mundo e eleições 2014



            A Copa do Mundo no Brasil avança e proporciona uma confraternização entre as diferentes nações, culturas e línguas. As indevidas gerências políticas no esporte e os interesses meramente econômicos não conseguiram tirar do futebol seu brilho. O povo cada vez mais surpreende manifestando sua força em vista do bem comum. As manifestações populares espantam muitos políticos brasileiros, ao levantarem temas diversos e pedirem uma política de qualidade. Os governantes e legisladores devem uma atenção prioritária às necessidades da população. Precisam superar o atual modo de fazer política através de conchavos em função de interesses próprios.
            É triste constatar que o susto das manifestações ocorridas no Brasil já foi vergonhosamente superado pela classe política. Temos conhecimento de tudo que é mais absurdo na face da terra. Todos os bons princípios foram esquecidos. “Ficha suja” é apresentada à luz do dia como “ficha limpa”. Inúmeros conchavos, acordos, destratos, acertos financeiros movidos pelas inspirações interesseiras de poder particular, familiar ou grupo são visíveis. Não apresentam projetos concretos de superação das injustiças sociais. Os políticos vivem distantes do povo e só se aproximam nas vésperas das eleições.
            As manifestações são os jogos que devem balançar as urnas. O voto consciente é o gol que reconstrói a nossa sociedade. O ambiente desta Copa do Mundo deve contribuir para o povo exprimir sua vontade política em vista do bem comum e dizer não à corrupção desenfreada e até defendida por muitos. Uma característica do corrupto é viver obstinado com as suas coisas. Será que isso não existe, atualmente? O dinheiro do contribuinte continua sumindo no ralo da corrupção. Olhemos as condições de sofrimento, exclusão social, violência e injustiça, em que vivem muitos brasileiros.
            É preciso que entremos em campo para garantir as mudanças necessárias na consolidação de uma cidadania inclusiva, de modo a garantir que a sociedade possa participar e exercer o poder político. O povo precisa mobilizar-se para participar criticamente no processo eleitoral a fim de que a política esteja a serviço do bem e para fortalecer as iniciativas populares que propõem reformas no sistema político brasileiro. Não podemos simplesmente delegar alguém para tomar decisões em nosso nome. Precisa mudar essa prática da política brasileira. Necessitamos de uma mudança no modo como são conduzidas as eleições, para não corrermos o risco de ver limitado o poder transformador do nosso voto. Corramos em busca de uma verdadeira reforma política no nosso país. É importante reafirmarmos que há esperança. E cheios de esperança não nos deixamos manipular nunca. O jogo continua no campo da Copa do Mundo e das eleições no Brasil. Esta oportunidade de fazer gol em favor da vida não seja perdida. Que o nosso jogo no dia a dia aponte um amadurecimento político verdadeiro. Não nos cansemos de contribuir para a cidadania e acabar com tantas injustiças sociais. Assim, sairemos todos vitoriosos. Acredite!

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo de Guarabira e Secretário do Regional NE2



           


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