sexta-feira, 25 de abril de 2014

Artigo: Páscoa



Talvez muitos cristãos não saibam explicar o sentido da Páscoa da ressurreição, porquanto, ainda que batizados, sequer são evangelizados. Se faltar o acompanhamento na fé, as mil atrações da sociedade de consumo encampam os nossos interesses em busca de realização e felicidade. Por outro lado, muita gente procura pelas mensagens evangélicas, hoje veiculadas pelo rádio e pelas redes sociais. Muitos são impulsionados a cultivar valores espirituais em seu interior, ainda que não se identifiquem com esta ou com aquela instituição religiosa. A espiritualidade do amor e da esperança é divulgada em formas diversas por pastores, padres e lideranças. A partir da Palavra de Deus muitos tentam dar um sentido à sua vida e à vida da família, do trabalho e da sociedade.

É fato que o povo procura o sentido da vida, além da procura pela própria sobrevivência, diante do mundo violento e inseguro, com a sensação indefinida de se caminhar pelo incerto. O Evangelho mostra Jesus realizando gestos de ressurreição em favor dos doentes, deficientes físicos, discriminados e rejeitados. Os Evangelhos referem-se à ressurreição de Cristo em forma breve. Entanto, os gestos e as pregações de Cristo são uma permanente participação de sua ressurreição aberta a todos, no caminho da conversão e do compromisso de transformação interior e exterior. A purificação interior se faz necessária, pois nos leva a buscar a iluminação vinda do Senhor. À luz da sua morte e ressurreição, conseguimos assumir uma atitude construtiva ao nosso redor, diante das situações adversas e das circunstâncias desafiantes.

A mensagem da morte de cruz e da ressurreição de Cristo cada um de nós poderá se defrontar com a oportunidade de crescer na fé e na atitude propositiva, ao nos voltarmos aos semelhantes, tendo sempre em vista o bem da coletividade humana. Há muita gente que, por falta de orientação e testemunho dos cristãos de verdade, desconhece a espiritualidade, seu valor e sua atualidade. Ao se encontrar com Cristo crucificado e ressuscitado, passamos do egoísmo ao amor. Se deixarmos que o Senhor nos ame, percebemos que também é mais fácil amar e servir do que culpar os outros pela sorte, julgar mal, vomitar impropérios, desferir fel e ódio.

A mensagem da morte e ressurreição de Cristo nos leva à coresponsabilidade de anunciar e testemunhar a fé e os gestos construtivos que brotam da fé ao nosso redor. A páscoa cristã celebra a presença viva do ressuscitado ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, memorial de sua morte e ressurreição, conforme Ele pediu: fazer presente a sua memória, testemunhando a sua presença viva, até o final dos tempos (Lc. 24,48).

Dom Aldo Pagotto

Arcebispo Metropolitano da Paraíba

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