Fiéis acompanharam, na manhã desta sexta-feira (18), a Via Sacra encenada no bairro da Boa Vista, Centro do Recife. Tradição portuguesa do século 18, a procissão chegou a ser proibida nos anos 1960 e foi restaurada pelo arcebispo emérito Dom Hélder Câmara. Este ano, o evento religioso se alinhou à Campanha da Fraternidade, alertando para o tráfico humano.
A Via Sacra teve início na Igreja Matriz da Boa Vista, por volta das 9h. As imagens de Bom Jesus do Passo e Maria foram levadas em andores. Sob o sol quente, fiéis procuravam se proteger nas poucas sombras ao longo caminho, com a emoção do louvor escorrendo em cada gota de suor. Algumas pessoas ainda encaravam o sofrimento de andar descalço no asfalto para pagar promessas.
Liana e Linalva Mourão acompanharam a Via Sacra (Foto: Luna Markman/G1)
Os mais prevenidos levaram sombrinhas, como o técnico em sistemas Ricardo Barbosa.
Com a filha Sinara, 4 anos, nos ombros, a família mais uma vez acompanhou a procissão. "Já faz mais de 15 anos que eu e meus irmãos participamos. Daqui, vamos direto almoçar juntos. Nesse dia, peço união e amor para nós", disse.
Para a enfermeira Liana Mourão também é tradição começar a celebração da Semana Santa com a Via Sacra. "Eu venho aqui desde criança e você vê que são as mesmas pessoas que participam desde sempre", comentou. Liana caminhou ao lado da tia Linalva Mourão, 87 anos. "Eu nunca faltei um ano", orgulha-se a aposentada.
São 15 estações simbolizando os momentos da caminhada de Jesus até a Ressureição. A Capela de Nossa Senhora das Graças é um dos pontos de parada. "Para nós é muito importante essa atenção porque dá força à nossa comunidade", apontou a irmã Rosa Maria Vieira, da Instituição das Filhas de Maria Servas da Caridade, responsável pela capela.
Padre Cícero reforçou o combate ao tráfico humano, tema da campanha da fraternidade (Foto:Luna Markman/G1)
É a aposentada Cleide de Jesus quem ajuda a organizar a estação que ocorre em frente ao prédio Morada da Boa Vista, há 26 anos. A cada ano, ela aumenta o estoque de água para dar de graça aos fiéis que acompanham o cortejo. Um gesto de delicadeza em forma de 120 copinhos. "Eu fico muito feliz de recebê-lo [a imagem de Jesus] em casa e aproveito para pedir proteção", disse.
A procissão terminou na Igreja de Santa Cruz, onde o padre cortou os discursos previstos alegando o calor que fazia e apenas agradeceu a presença dos fiéis.
Do G1 PE
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