A sociedade contemporânea está
sempre mais exigente em relação à conduta de pessoas que têm responsabilidades
públicas. O direito à privacidade é um dado inerente à natureza da ética e da democracia.
Todavia, na medida em que uma pessoa assume funções de interesse coletivo, sua
vida e suas ações passam a ser enxergadas pela lente da sociedade que dispõe de
meios legítimos para averiguar e divulgar o seu perfil público. Isso não fere o
direito à privacidade, é claro. A mídia mostra, repetidamente, um quadro de
corrupção muito acentuado nas diversas instâncias da administração pública, com
repercussões muito concretas na vida do povo. É óbvio que as investigações
sobre pessoas e grupos, para serem legítimas, devem ter o respaldo legal que é assegurado
por autorização judicial. O período de observação de casos dessa natureza é
mais ou menos longo, conforme a natureza da investigação autorizada pela Justiça.
Chamam a atenção da população os casos de corrupção que envolvem, inclusive,
pessoas insuspeitáveis cuja reputação era considerada irretocável. Quando isso
ocorre, sem dúvida, a credibilidade dessas pessoas fica comprometida, começando
pelo desmoranamento de sua imagem perante sua família.
É muito comum haver o desvio de conduta
das pessoas na “relação público-privada” que inclui, via de regra, propina, suborno,
“caixa dois” e outras formas de corrupção. Estas coisas, muito conhecidas no
linguajar da mídia, estão muito presentes nos serviços executados ou em
execução, mediante a assinatura de contratos entre o poder público e a
iniciativa privada ou quando se pretende conquistar posições cobiçadas e
auferir benefícios financeiros. Lamentavelmente, a presença desses
protagonistas da corrupção está se tornando, cada vez mais, um “lugar comum” na
administração pública e uma prática corriqueira em muitos segmentos do mundo
empresarial.
De outro lado, há um número muito
grande de pessoas imunes a esse tipo de artimanha, consideradas a pureza de sua
intenção, a lisura de sua conduta e a verdade de sua ação. Em geral, essas
pessoas são identificadas entre os extratos populares da sociedade e entre
aquelas que têm apurados princípios éticos e sólida formação religiosa. Nessa
linha, um exemplo está falando, de forma muito eloquente, à sociedade, em razão
de sua transparência – o Papa Francisco. Suas palavras e seus gestos estão
dizendo à Igreja que deve transparente diante do mundo e perante si mesma. “Vemos que a forma como o papa trata com transparência as
questões que envolvem a Igreja vai refletir em toda ela, não somente, no
Vaticano.”
A ação transparente constitui uma
exigência na vida de qualquer pessoa.
Dom
Genival Saraiva
Bispo
de Palmares - PE
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