Os jovens
presentes na JMJ clamavam: “esta é a juventude do Papa”. Percebia-se algo
semelhante ao clamor do povo nas ruas, durante o mês de junho p.p. A juventude
clama por mudanças, à espera de líderes aos quais se agreguem, orientando-se
para os rumos de uma vida edificada em ideais sólidos, equidistantes do cansaço
do bem-estar propagado pela sociedade de consumo. Em vista do lucro, a cultura
da sociedade de consumo alicia as pessoas e as transforma em usuárias,
dependentes, medíocres, inúteis. O prazer sem compromisso social destrói
grandes ideais dos quais a juventude sempre é portadora, não obstante conflitos
inevitáveis entre gerações. Faz parte do aprendizado.
A JMJ apostou nos jovens que se demonstraram abertos aos
valores humanos e cristãos e se dispõem a assumi-los como princípios
referenciais que os ajudam a construir a própria vida, constituir a sua família
e edificar uma sociedade melhor. A JMJ apostou em quem aceita e acolhe os
jovens. Muitos deles desejam retornar à vida cristã, pedindo acompanhamento no
processo de conversão e compromisso de transformação. Impressionou-me o
testemunho de jovens dados durante as catequeses. Alguns foram libertados do
submundo das drogas e da vida leviana, por convite simples e corajoso de outros
jovens. Para quem está numa pior, um convite para conhecer ambientes sadios,
seguindo-se um acompanhamento sincero no caminho do bem e da verdade, faz toda
a diferença. A alternativa da vida saudável vincula-se à aceitação das raízes
familiares que, se antes foram desprezadas, agora se constituem como sentido
para a vida.
A espiritualidade cristã motiva e incentiva muitos a
recuperarem a alegria de pertencer a uma família e se inserir socialmente pela
capacitação ao trabalho. A JMJ foi exemplar de oportunidades de reapresentar à
juventude os ideais que lhes são próprios, não obstante o desvio do sono
letárgico do consumismo que os alicia, da ideologia dos grupos de pressão
tentando manipular a juventude, tentando fazê-la dependente de drogas e de reduzi-la
à massa de manobra da violência. Percebo que nós, consagrados, primeiros
responsáveis pela vida e missão evangelizadora da Igreja, devamos construir
conjuntamente com os adolescentes e os jovens que buscam novo sentido para a
vida. Não se trata se um planejamento estratégico único, mas de projetos
alternativos, a partir do que eles esperam. O modelo de Igreja que eu tenho na
cabeça não é o que muitos deles têm no coração. Porém os jovens pedem que
estejamos junto a eles e que os orientemos. Assim também esperam que os
governantes ofereçam-lhes oportunidades para o seu desenvolvimento integral.
Estamos preparados para assumir a desafiadora missão?
Dom Aldo Pagotto
Arcebispo Metropolitano
da Paraíba
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