Por ocasião de seu primeiro encontro
com os jovens e demais participantes da Jornada Mundial da Juventude, na Praça
Cibeles, em Madrid, disse o Papa Bento XVI que o ser humano, em sua relação com
Deus, deve ser um “interlocutor responsável, alguém que possa dialogar com Ele
e amá-lo.”
A
Jornada Mundial da Juventude é uma providencial iniciativa do Pontificado do
Beato João Paulo II que a presidiu, desde a primeira, realizada, em Roma, em
1984, à última, em Toronto, no Canadá, em 2002. O Papa Bento XVI presidiu as
Jornadas em Colônia, Sidney e Madrid. Há um numeroso contingente de pessoas
envolvidas, em cada JMJ, porém, como lembrou o Papa Bento XVI, em sua acolhida
aos jovens, “o protagonista absoluto” é sempre “Cristo Senhor”. Na verdade, “nas
suas relações com Deus”, como escreve o autor da Carta aos Hebreus” (Hb 5,1),
Jesus é o “pontífice”, é aquele que faz a ponte entre Deus e os homens. O
elemento primordial dessa relação, portanto, é de natureza divina, como razão
de ser, precisamente, porque diz respeito às “coisas de Deus”. Para que ocorra essa
relação de diálogo com Deus e de amor a Deus, a pessoa humana é chamada a
efetivá-la, no “aqui e agora” de sua existência, para seu próprio bem e em
favor de seus semelhantes. Por isso, há mediadores, interlocutores humanos que
exercem sua missão, por vocação e por ofício, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento. Entre estes, sobressaem, paradigmaticamente, Moisés, figura profética
da Antiga Aliança, e Jesus Cristo, o Pontífice da Nova Aliança. São Paulo escreve,
na Carta a Timóteo, que Ele é o único “mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5).
Por conseguinte, Ele é o principal protagonista da relação divino-humana, é o
primeiro interlocutor entre Deus e os homens.
Por providência de Deus, homens
e mulheres também exercem esse digno papel, para o bem de seu povo. A história
da Igreja registra o exercício dessa rica participação de pessoas comprometidas
com o anúncio do Reino de Deus. Os cristãos, por vocação batismal e por ofícios
reconhecidos, conferidos e instituídos, se tornam interlocutores nessa relação
humana e divina, onde estão presentes, necessariamente, a dimensão espiritual e
a face social de sua vida. O Papa Bento XVI, nessa recente Jornada Mundial da
Juventude, em Madrid, destacou, de maneira especial, o papel de “interlocutor
responsável” do jovem cristão. Na verdade, a presença de milhões de rapazes e
moças nesse encontro de evangelização da juventude evidencia essa condição de
interlocutores responsáveis, junto ao universo jovem, com especial razão,
perante o mundo de sua convivência e no meio da sociedade, em geral. Essa
missão assume um perfil próprio no contexto contemporâneo, ante as expressões
da sociedade globalizada, no campo das ciências e dos costumes. Sem dúvida, o
jovem cristão precisa ter definições claras a respeito de seu posicionamento
frente a concepções e práticas de vida, a posturas éticas e a linhas de ação,
no mundo da ciência, da pesquisa, do trabalho, da política. Em seus
depoimentos, diante do Papa, jovens de todos continentes, fiéis à fé católica, manifestaram
suas perplexidades, angústias e esperanças, ao se verem diante da complexidade
do mundo atual.
Em sua palavra de despedida,
ao embarcar para Roma, revelou sua alegria pelos frutos da JMJ, deixando aos
jovens uma mensagem de esperança. “E não poso deixar de agradecer com todo o
coração aos jovens por terem vindo a esta Jornada, pela sua participação
alegre, entusiasta e vigorosa. Digo-lhes: obrigado e parabéns pelo
testemunho que destes em Madrid e no resto das cidades espanholas onde
estivestes. Convido-vos agora a difundir por todos os cantos do mundo a feliz e
profunda experiência de fé que vivestes neste nobre País. Transmiti a vossa
alegria especialmente a quantos quiseram vir e pelas mais diversas
circunstâncias não o puderam fazer, a tantos que rezaram por vós e a quantos a
própria celebração da Jornada tocou o coração. Com a vossa solidariedade e
testemunho, ajudai os vossos amigos e companheiros a descobrirem que amar
Cristo é viver em plenitude.”
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.
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