Diz o
ditado chinês que a educação de uma criança começa 100 anos antes dela nascer.
O sábio adágio aplica-se à educação sociopolítica do nosso povo. Caminhamos a
passos lentos na democracia participativa. Os debates políticos veiculados
pelos meios televisivos oportunizam a formação da consciência dos eleitores
sobre projetos políticos. Entanto, prevalece o clima de hostilidade mútua entre
candidatos. Usa-se a estratégia da desqualificação um do outro. Cabos de guerra
medem forças. Brigas de galos impedem a formação da consciência cidadã e
afastam o eleitor. Não há tempo suficiente para que apresentem seus projetos
políticos.
Um projeto de Estado (não apenas de governo)
constitui-se como palavra de honra pelo candidato dada à sociedade. A
elaboração de projetos políticos envolve pessoas comprometidas com o bem comum,
priorizando temáticas de interesse dos eleitores e da sociedade. Os partidos e
coligações partidárias devem demonstrar compromisso com projetos políticos.
Vêem-se promessas. De forma realista, pergunta-se de onde virão os recursos? Um
projeto de Estado traça metas e trabalha com políticas estruturais, aviadas por
etapas sucessivas, com garantia de recursos financeiros e continuidade de
execução. Os candidatos não podem apenas pedir votos, mas envolver o eleitor na
superação dos problemas, mesmo que não se resolvam de imediato, no período de
um governo. Falar claramente sobre essa realidade significa perder votos. A
estratégia prevalente é botar culpas e agredir os outros.
Enfrentar e superar contradições e conflitos
sociais exige sacrifícios por parte da população. Se as representações de
instituições e lideranças significativas da sociedade não ocuparem os canais de
participação nos planejamentos estratégicos de políticas estruturais,
continuaremos a conviver com os esquemas políticos vigentes, sofrendo com as
graves dificuldades que nos humilham há várias décadas - sistema de educação e
de saúde abaixo dos níveis suficientes para serem avaliados. Que o eleitor
conheça se cada candidato apresenta seu projeto de Estado; como ele pretende
enfrentar o núcleo dos conflitos e as soluções possíveis ou prováveis. Que ele
diga claramente de onde vai tirar recursos.
O projeto de Estado vincula as
atividades do gestor eleito a nós, cidadãos. Civismo e dignidade, cobrando dos eleitos metas e
resultados do projeto políticas estruturais planejadas. Observe-se que as
entrevistas dos candidatos por rádios e TVs vêm ajudando o eleitor a
identificar propostas dos candidatos, prevalecendo critérios racionais, não o
sentimentalismo e a simpatia pessoal produzida nos guias.
Dom Aldo
Pagotto
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
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