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Assessoria de Comunicação CNBB NE2
A sociedade brasileira tem um perfil próprio, com traços
que remontam às origens da colonização portuguesa e com elementos que revelam o
estágio atual do desenvolvimento nacional. Em que pese a constatação do avanço
em muitos campos da atividade econômica, persiste muito evidente o retrato das
desigualdades sociais no Brasil. Isso é visível na localização do mapa regional
no país, na comparação entre a vida na grande cidade e no campo, entre o centro
e a periferia da mesma cidade; salta aos olhos a diferença entre a educação
oferecida a crianças, adolescentes e jovens das camadas populares e a quem
pertence às “classes AB” da sociedade; esse mesmo parâmetro é verificado no setor
saúde, daí haver uma distância abismal entre o atendimento em Hospitais
públicos, inclusive universitários, que atendem às “classes DE”, e Hospitais
particulares, “de primeiro mundo”. Um olhar histórico sobre a realidade social
brasileira apresenta, é claro, outras referências na identificação do perfil da
população. O Papa Francisco, ao encontrar-se “com lideranças
políticas, culturais e empresariais brasileiras”, no Rio de Janeiro, durante a Jornada
Mundial da Juventude, em face dos valores e diante dos desafios da cidadania
brasileira, na perspectiva da justiça social, tratou da “responsabilidade
social” que “exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de
política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na
economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma
visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a
participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que
ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade,
fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir. (...) Os gritos por
justiça continuam ainda hoje”.
Durante muito tempo, a população brasileira acomodou-se,
social e politicamente, numa atitude de indiferença, passividade e omissão, frente
ao “status quo”, sempre muito diferenciado, em cada geração, ao longo dos
tempos. Algo começa a mudar nessa matéria, graças ao avanço no nível da
escolaridade, ao processo de educação política e à consciência da
responsabilidade social. Constata-se que segmentos da população vão assumindo o
protagonismo da mudança e da transformação, em vista da conquista de uma melhor
qualidade de vida para todos. Nessa mobilização, milhares de pessoas
reivindicam a adoção de políticas públicas que são necessárias ao bem-estar
coletivo; a sociedade entende que outra coisa é a presença de indivíduos,
normalmente mascarados, que participam de atos pacíficos com o intuito de desestabilizar
a ordem pública e depredar bens públicos e privados.A história mostra que a
busca da justiça social se pautou em concepções e assumiu práticas de vários matizes filosóficos e políticos. São muito conhecidos os
palcos de conflito social, em todo o mundo. Ante essa realidade de conflito, o
Papa Francisco advoga a prática do diálogo – “diálogo, diálogo, diálogo” - e o
exercício da “cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de
bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre
algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta
e disponível, sem preconceitos.” Dom
Genival Saraiva Bispo de
Palmares -PE
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