quinta-feira, 28 de maio de 2015

Olinda e Recife: Após interdição, Iphan vai liberar R$ 3 mi para intervenções em Igreja e Seminário

O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai liberar pouco mais de R$ 3 milhões para que sejam feitas intervenções emergenciais na Igreja e no Seminário Nossa Senhora da Graça, em Olinda. O recurso foi prometido pelo superintendente do órgão em Pernambuco, Frederico Almeida. Segundo ele, basta apenas a homologação do repasse por parte do Ministério da Cultura. Enquanto a verba não chega, a Arquidiocese de Olinda e Recife continuará buscando junto ao Iphan a autorização para a reforma completa do local.
Em entrevista coletiva, na sede da Cúria Metropolitana, bairro das Graças, nesta quinta-feira, 28, o arcebispo, dom Fernando Saburido explicou que há três anos a arquidiocese tenta a aprovação do projeto de restauro do seminário e da igreja. Em 2012, o conjunto de obras estava orçado em R$ 18 milhões. Porém, segundo o próprio Iphan, “os processos de liberação de recursos estão mais rigorosos” o que impediu a aprovação.
No local, datado de 1535, vivem hoje cerca de 60 pessoas, sendo 54 seminaristas e o bispo auxiliar, dom Antônio Tourinho Neto. Todos deverão deixar o local em no máximo 15 dias. “Fomos pegos de surpresa e será um transtorno grande. Vamos acomodar imediatamente os seminaristas no primeiro andar do prédio onde funciona o Centro Arquidiocesano de Pastoral Dom Vital, que fica na Várzea (Zona Oeste do Recife)”, afirmou dom Saburido. No mesmo local, já estão instalados o Seminário Propedêutico e o Instituto Padre Venâncio, responsável por acolher idosas. “Lá também ficará todos os materiais, dentre eles os objetos sacros”, acrescentou o arcebispo.
A última grande intervenção foi realizada pela arquidiocese em 2005. Na ocasião, foram trocados todo o telhado e o maderamento. Por recomendação do Iphan, neste mês, dom Saburido solicitou uma vistoria técnica da Defesa Civil de Olinda. De acordo com a secretária executiva do órgão municipal, Kátia Marsol, foram encontrados sério problemas. No laudo entregue à arquidiocese, os técnicos destacam o alto risco de desabamento das coberturas da biblioteca e da sacristia. Além da fachada do seminário.
seminário“Encontramos muitos cupins e infiltrações, que estão comprometendo a estrutura e representam um grande risco para quem mora e frequenta o seminário e a igreja. A nossa recomendação é a desocupação imediata dos prédios”, declarou Kátia. A secretária executiva da Defesa Civil de Olinda, ainda solicitou uma vistoria do Corpo de Bombeiros no subsolo do complexo arquitetônico, por haver suspeita de emissão de gases. A interdição segue por tempo indeterminado.
Para o superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida, o desafio agora é juntar forças para captar os recursos necessários para a recuperação do Seminário e da Igreja Nossa Senhora da Graça. “É um local extremamente importante para a história do nosso País, onde grandes personalidades estudaram. Vamos juntos trabalhar para aprovar os projetos e sensibilizar o empresariado. Interessados poderão ser contemplados pela Lei Rouanet”, afirmou.
Seminário de Olinda – Igreja de Nossa Senhora da Graça
Localizado no ponto mais alto de Olinda, o conjunto arquitetônico formado pela Igreja de Nossa Senhora da Graça e pelo Seminário foi preservado, até hoje, na modulação clássica do prédio. Atualmente é o maior e melhor testemunho da arquitetura jesuítica do século XVI, no Brasil.
Em 1535, Duarte Coelho fundou a ermida de Nossa Senhora da Graça para oferecer aos religiosos de Santo Agostinho. No entanto, nenhum chegou ao Brasil. Em seus lugares, vieram os jesuítas. A capela foi, então, doada ao padre Antônio Pires, que desembarcou em Olinda em 1551. A construção, inspirada na Igreja de São Roque, em Lisboa, é uma importante referência da arquitetura quinhentista.
Castigado pelo incêndio da cidade, o colégio foi, posteriormente, reconstruído e reocupado pelos jesuítas. No arco da capela-mor, há uma inscrição com a data de 1661, provavelmente, a época da conclusão dos reparos.

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