terça-feira, 12 de maio de 2015

Artigo: Discípulos do Ressuscitado

            A comunidade cristã vive o tempo pascal, litúrgica e pastoralmente. Sob muitos aspectos, os ensinamentos do Senhor ressuscitado falaram muito à mente e ao coração dos Apóstolos e dos primeiros discípulos e discípulas. Para estes, o tempo vivido com Jesus, em sua peregrinação missionária na Palestina, foi muito enriquecedor.Todavia, as lições de vida e missão não foram suficientemente assimiladas, devido às limitações de cada um deles. Apesar disso, em razão de sua manifesta confiança no ser humano, Jesus não descartou nenhum de seus discípulos. Ao contrário, confia-lhes a missão de anunciar o Evangelho. (cf. Mt 28, 19-20) No tempo pascal, percebe-se isso, de forma muito visível, na liturgia da Palavra, proclamada na celebração eucarística. No capítulo final davida e missão, os Apóstolos manifestaramsua fraqueza, duranteo julgamento e a Paixão de Jesus,revelaram medo, após a sua morte, porém assumiram o anúncioda Boa Nova, de forma corajosa, a partir de Pentecostes, como escreve São Lucas, nos Atos dos Apóstolos. Os discípulos da era apostólica e da Igreja primitiva deixaram exemplos edificantes de fidelidade à missão, como confirmam os inúmeros casos de martírio. Quando se contempla a Igreja na sua catolicidade, isto é, a “Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro” (Oração Eucarística II) ou a porção presente em cada Igreja Particular (Diocese), com sua fisionomia própria, identificam-se os “altos e baixos” da prática dos discípulos e discípulas do Senhor, no cumprimento da missão de anunciar o Evangelho. Isso acontece porque a Igreja é constituída por um “povo santo e pecador” (Oração Eucarística V). “Sendo Cristo seu fundamento primordial, a Igreja é santa, sem mancha e sem rugas, esplendente de beleza. A Igreja é também humana enquanto constituída de membros que somos nós, criaturas humanas, frágeis, limitadas, pecadoras, sujeitas a tantas ambiguidades, mas mesmo assim partícipes, ainda que imerecidamente, de sua santidade e beleza.”

            Ser discípulo/a de Jesus ressuscitado é um dom que engrandece e responsabiliza. O discipulado engradece porque, em qualquer contexto histórico e geográfico, o cristão recebeu a dignidade de ser a revelação do próprio Jesus, com seu amor, sua verdade, misericórdia, bondade, justiça. O discipulado sempre responsabiliza porque, no “aqui e agora” da vida e da história, o cristão, por suas palavras e suasações, deve ser a transparência de Cristo.Em razão de sua condição de discípulo/a e testemunha de Jesus ressuscitado, tem uma carga imensa de responsabilidadeporque, a seu respeito, deve dizer-se o que dissePedro: “E nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos Judeus e em Jerusalém.” (At 10,39) Ademais, é de se esperar que se diga de cada cristão/ão que escreveu Lucassobre Jesus: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem”. (At 10,38)

            A cada ano, a celebração da Páscoa representa um momento de rejuvenescimento da Igreja, uma vez que a celebração do mistério de Cristo traz para os fiéis a força da graça, especialmente com a vitalidade sacramental do batismo, da crisma, da eucaristia, da penitência. Pastoralmente, os fiéisdevem traduzir o amor de Cristo em serviço caritativo ao próximo, em suas necessidades materiais, espirituais, psicológicas e morais.

                                               Dom Genival Saraiva -  Bispo Emérito de Palmares - PE

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