A
comunidade cristã vive o tempo pascal, litúrgica e pastoralmente. Sob muitos
aspectos, os ensinamentos do Senhor ressuscitado falaram muito à mente e ao
coração dos Apóstolos e dos primeiros discípulos e discípulas. Para estes, o
tempo vivido com Jesus, em sua peregrinação missionária na Palestina, foi muito
enriquecedor.Todavia, as lições de vida e missão não foram suficientemente
assimiladas, devido às limitações de cada um deles. Apesar disso, em razão de
sua manifesta confiança no ser humano, Jesus não descartou nenhum de seus
discípulos. Ao contrário, confia-lhes a missão de anunciar o Evangelho. (cf. Mt
28, 19-20) No tempo pascal, percebe-se isso, de forma muito visível, na
liturgia da Palavra, proclamada na celebração eucarística. No capítulo final davida
e missão, os Apóstolos manifestaramsua fraqueza, duranteo julgamento e a Paixão
de Jesus,revelaram medo, após a sua morte, porém assumiram o anúncioda Boa
Nova, de forma corajosa, a partir de Pentecostes, como escreve São Lucas, nos
Atos dos Apóstolos. Os discípulos da era apostólica e da Igreja primitiva
deixaram exemplos edificantes de fidelidade à missão, como confirmam os
inúmeros casos de martírio. Quando se contempla a Igreja na sua catolicidade,
isto é, a “Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro” (Oração Eucarística
II) ou a porção presente em cada Igreja Particular (Diocese), com sua
fisionomia própria, identificam-se os “altos e baixos” da prática dos
discípulos e discípulas do Senhor, no cumprimento da missão de anunciar o
Evangelho. Isso acontece porque a Igreja é constituída por um “povo santo e
pecador” (Oração Eucarística V). “Sendo Cristo seu fundamento primordial, a
Igreja é santa, sem mancha e sem rugas, esplendente de beleza. A Igreja é
também humana enquanto constituída de membros que somos nós, criaturas humanas,
frágeis, limitadas, pecadoras, sujeitas a tantas ambiguidades, mas mesmo assim
partícipes, ainda que imerecidamente, de sua santidade e beleza.”
Ser discípulo/a de Jesus ressuscitado é um dom que engrandece e responsabiliza.
O discipulado engradece porque, em qualquer contexto histórico e geográfico, o
cristão recebeu a dignidade de ser a revelação do próprio Jesus, com seu amor,
sua verdade, misericórdia, bondade, justiça. O discipulado sempre responsabiliza
porque, no “aqui e agora” da vida e da história, o cristão, por suas palavras e
suasações, deve ser a transparência de Cristo.Em razão de sua condição de
discípulo/a e testemunha de Jesus ressuscitado, tem uma carga imensa de
responsabilidadeporque, a seu respeito, deve dizer-se o que dissePedro: “E nós
somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos Judeus e em Jerusalém.”
(At 10,39) Ademais, é de se esperar que se diga de cada cristão/ão que escreveu
Lucassobre Jesus: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem”. (At 10,38)
A cada ano, a celebração da Páscoa representa um momento de rejuvenescimento da
Igreja, uma vez que a celebração do mistério de Cristo traz para os fiéis a
força da graça, especialmente com a vitalidade sacramental do batismo, da
crisma, da eucaristia, da penitência. Pastoralmente, os fiéisdevem traduzir o
amor de Cristo em serviço caritativo ao próximo, em suas necessidades
materiais, espirituais, psicológicas e morais.
Dom Genival Saraiva - Bispo Emérito de Palmares - PE
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