A Quaresma nos
prepara para celebrar bem a páscoa. Hoje somos chamados a viver a restauração
da nossa existência a partir do símbolo do templo (cf. Jo 2,13-25). O Templo é o lugar do encontro de Deus com seu
povo. Não pode ser transformado em casa de comércio, de idolatria. É idolatria
a ganância, a impiedade, reduzir a religião a um negócio lucrativo, pensar que
se pode manipular Deus com um rito ou com um exemplar da Bíblia! O Senhor
previne: "Eu sou o Senhor vosso Deus que não aceita suborno" (Dt
10,17). Por isso Jesus age radicalmente
contra aqueles que não zelam o templo. Sua ira nos previne no sentido de que
não podemos brincar com Deus, não podemos fazer pouco dele! Correremos o risco
de perdê-lo, de sermos rejeitados do seu coração!
Quando a infidelidade
é grande, quando o nosso coração habituou-se no mal, corremos o risco de sermos
tomados de tal cegueira, de tal dureza de coração, que já não vemos nem com a
Luz! Jesus é a luz que brilha claramente. Sua atitude dura, recorda o amor de
Deus que foi traído, e muitos ainda pedem por sinais. Jesus dá um sinal,
decisivo: "Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei". Jesus
fala do templo do seu corpo. O corpo ressuscitado de Jesus é o novo templo.
Jesus mostra que a
verdadeira habitação entre os seres humanos é Ele mesmo, o seu corpo. Assim
quem desrespeita o templo está desrespeitando a sua pessoa, o próprio Deus e
toda a pessoa humana, chamada a ser templo de Deus.
O templo de Deus
entre os homens será destruído, mas será levantado em três dias. Jesus
ressuscitado é o templo indestrutível. Ele é o lugar onde um novo povo poderá
para sempre encontrar Deus. Eis o sinal, surpreendente: à infidelidade do seu
povo, Deus responde entregando o seu Filho e fazendo dele o lugar da salvação e
da graça, da vida e da vitória da humanidade!
Jesus restaura,
assim, o verdadeiro sentido do templo. Os templos de hoje também devem ser
espaços privilegiados de encontro pessoal e comunitário com Deus, por meio da
oração e das celebrações litúrgicas. Ninguém pode deturpar o sentido do templo,
por interesses gananciosos e próprios.
Olhemos o Crucificado,
cujo corpo esmagado é o lugar do perdão, da misericórdia e do encontro com Deus.
Sabemos: "Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16).
A restauração do ser
humano pecador passa pela renúncia de si mesmo, pela mortificação, pela
conversão. Somos chamados a viver a restauração da nossa existência. A Palavra
de Deus se torna hoje ocasião de restauração quaresmal. Ela nos impele com uma
força incomum a nos lavar, a nos purificar, a tirar o mal que há em nossas
ações.
Mudemos de vida! Que
nossa fé não seja fingida, superficial, descomprometida; que nossa religião não
seja simplesmente uma prática fria e sem desejo de real conversão ao Senhor
nosso! Convertamo-nos! Jesus nos conduz às alegrias da Páscoa!
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de
Guarabira(PB)
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