quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ORIENTAÇÕES PASTORAIS PARA OS FIÉIS CATÓLICOS DA DIOCESE DE SALGUEIRO NAS ELEIÇÕES DE 2014



Caros filhos e filhas desta querida Diocese de Salgueiro,

Ao nos aproximarmos do dia das eleições, venho, cheio de zelo paterno, na condição de vosso Pai Espiritual, recordar-vos a responsabilidade e o testemunho que nos cabe, como católicos que somos, na construção de uma nova sociedade em conformidade com o Evangelho de Cristo e o Magistério da Igreja.

No último dia 24 de março, falando para cerca de 500 Parlamentares italianos, no Vaticano, o Papa Francisco, referindo-se aos textos da Sagrada Escritura mencionando a classe dirigente da época de Cristo – os doutores da lei, os fariseus - afirmou que “eles viviam fechados em si mesmos e não escutavam a Palavra de Deus. Só tinham interesse por suas próprias coisas, seu grupo, seu partido e suas lutas internas”, (...) “É muito difícil que um corrupto consiga voltar atrás”. O pecador sim, porque o Senhor é misericordioso e nos espera a todos. Mas o corrupto vive obstinado com as suas coisas.

Rogo-vos pois, que reflitais e pondereis sobre a realidade que vos cerca. Nossa fé precisa ser vivida, experimentada, orientada e testemunhada a partir de nossa identidade católica. A “Lei da Ficha Limpa” é uma conquista da sociedade brasileira, fruto da iniciativa e do apoio da CNBB.

A Igreja não faz campanha política, não vos diz em quem votar, contudo, orienta-vos como “Mãe”, quanto àqueles candidatos a quem não podeis apoiar. São estes, todos os candidatos cuja conduta, ideias e partidos não se comprometem com a justiça, segurança, saúde, educação, moradia, combate à violência, dignidade da pessoa, valores em defesa da família e respeito pela vida humana desde a concepção até a morte natural.  

Da mesma forma, a Igreja cuja Doutrina Social está compendiada e publicada em documento de junho de 2004, declara: ”A corrupção distorce na raiz a função das instituições representativas, porque as usa como terreno de barganha política entre solicitações clientelares e favores dos governantes. Deste modo, as opções políticas favorecem os objetivos restritos de quantos possuem os meios para influenciá-las e impedem a realização do bem comum de todos os cidadãos” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 411 – João Paulo II). 

Por fim, exorto-vos amados filhos e filhas, a meditar sobre vossa conduta como eleitores, a fim de que também vós não sucumbais às tentações da corrupção, aliciando candidatos ou negociando vosso voto como se sobre vossos ombros não recaísse também a coparticipação na construção do Reino de Deus. Ouvi as sábias e santas palavras do Santo Padre: “O dinheiro deve servir, e não governar! O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 58 - Papa Francisco).

Salgueiro, 27 de setembro de 2014



Dom Magnus Henrique Lopes,OFMCap.

Bispo Diocesano

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