Caros filhos e filhas
desta querida Diocese de Salgueiro,
Ao nos aproximarmos do dia
das eleições, venho, cheio de zelo paterno, na condição de vosso Pai
Espiritual, recordar-vos a responsabilidade e o testemunho que nos cabe, como
católicos que somos, na construção de uma nova sociedade em conformidade com o
Evangelho de Cristo e o Magistério da Igreja.
No último dia 24 de março,
falando para cerca de 500 Parlamentares italianos, no Vaticano, o Papa
Francisco, referindo-se aos textos da Sagrada Escritura mencionando a classe
dirigente da época de Cristo – os doutores da lei, os fariseus - afirmou que “eles viviam fechados em si mesmos e não
escutavam a Palavra de Deus. Só tinham interesse por suas próprias coisas, seu
grupo, seu partido e suas lutas internas”, (...) “É muito difícil que um corrupto consiga voltar atrás”. O pecador sim,
porque o Senhor é misericordioso e nos espera a todos. Mas o corrupto vive
obstinado com as suas coisas.
Rogo-vos pois, que
reflitais e pondereis sobre a realidade que vos cerca. Nossa fé precisa ser
vivida, experimentada, orientada e testemunhada a partir de nossa identidade
católica. A “Lei da Ficha Limpa” é uma conquista da sociedade brasileira, fruto
da iniciativa e do apoio da CNBB.
A Igreja não faz campanha
política, não vos diz em quem votar,
contudo, orienta-vos como “Mãe”, quanto
àqueles candidatos a quem não podeis apoiar. São estes, todos os candidatos
cuja conduta, ideias e partidos não se comprometem com a justiça, segurança,
saúde, educação, moradia, combate à violência, dignidade da pessoa, valores em
defesa da família e respeito pela vida humana desde a concepção até a morte
natural.
Da mesma forma, a Igreja
cuja Doutrina Social está compendiada e publicada em documento de junho de
2004, declara: ”A corrupção distorce na
raiz a função das instituições representativas, porque as usa como terreno de
barganha política entre solicitações clientelares e favores dos governantes.
Deste modo, as opções políticas favorecem os objetivos restritos de quantos possuem
os meios para influenciá-las e impedem a realização do bem comum de todos os
cidadãos” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 411 – João Paulo
II).
Por fim, exorto-vos amados
filhos e filhas, a meditar sobre vossa conduta como eleitores, a fim de que
também vós não sucumbais às tentações da corrupção, aliciando candidatos ou
negociando vosso voto como se sobre vossos ombros não recaísse também a
coparticipação na construção do Reino de Deus. Ouvi as sábias e santas palavras
do Santo Padre: “O dinheiro deve servir,
e não governar! O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em
nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e
promovê-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia
e das finanças a uma ética propícia ao ser humano” (Exortação Apostólica
Evangelii Gaudium, 58 - Papa Francisco).
Salgueiro, 27 de
setembro de 2014
Dom
Magnus Henrique Lopes,OFMCap.
Bispo
Diocesano
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