Via
de regra, aquilo que é novo, que é diferente, suscita, no mínimo, curiosidade
e, em alguns casos, desperta interesse. A publicidade e a mídia sabem trabalhar
esse fenômeno com técnica e arte, de modo que são conhecidos os efeitos de sua
ação. A acentuada publicidade em cima do consumo de bebida, por exemplo, confirma
sua ação sobre as pessoas, de modo que muitas delas se tornam quimicamente
dependentes. Mesmo estando sob controle, nos meios de comunicação de massa, a
publicidade sobre cigarro, conforme a legislação vigente, o seu consumo
continua elevado, causando os conhecidos males a milhões de fumantes. A
curiosidade tem levado muitas pessoas, especialmente os jovens, a experiências
desastrosas. O consumo de droga, iniciado por simples curiosidade, segundo
muitos depoimentos, tem levado muitas pessoas à dependência. As drogas
desgastam a vida dos consumidores e, em alguns casos, a estragam pra sempre. Noutra
frente, o consumismo desenfreado envolve pessoas na compra de bens supérfluos; muitos
não resistem ao ímpeto consusmista, muito embora tenham prioridades a atender,
em relação a si mesmas e à sua família. Essa situação se caracteriza, em alguns
casos, como comportamento compulsivo que necessita de tratamento pertinente. Humanamente,
não é uma coisa simples a uma pessoa resistir a estímulos e apelos, no dia a
dia, que vão na direção oposta às suas convicções; que dizer de quem não tem
convicções sólidas?
Essa ordem de
coisas evidencia a existência de comportamentos teleguiados que são assimilados
e observados, de conformidade com uma determinada matriz. O fundamentalismo de
religiões, de igrejas, inclusive cristãs, de ideologias, de grupos políticos é
uma dessas matrizes. O atentado às torres gêmeas de Nova York foi perpetrado por
pilotos com uma dosagem doentia de fundamentalismo islâmico. É claro que não se
deve atribuir um comportamento fundamentalista de uma pessoa a uma religião,
como tal; todavia, é inegável a existência de membros de determinada religião que,
por terem esse perfil fundamentalista e exercerem funções destacadas,
contribuem para que sejam forjadas personalidades doentias. Nessa linha, o
exemplo da ordem do dia é o ISIS (Estado Islâmico do Iraque e da Síria) que
quer se impor como “autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo e
aspira tomar o controle de muitas outras regiões de maioria islâmica.” Há
sempre um grande perigo para a sociedade quando pessoas ou instituições exercem
um patrulhamento de natureza ideológica ou religiosa porque daí deriva a dominação
sobre indivíduos, grupos e nações, pela via das atrocidades, perseguições, atentados,
torturas, mutilações e mortes.
A sociedade democrática se rege por parâmetros de outra
natureza, como liberdade, igualdade, justiça e muitos outros que encontram sua
consistência em princípios que provêm de uma formação humanista recebida na
família, na escola, na sociedade e na comunidade de fé. Graças a essa formação,
há pessoas amadurecidas, com capacidade de discernimento, que assumem posições
adequadas na realidade cotidiana e em situações excepcionais da vida. Princípios
éticos, morais e cristãos geram práticas éticas, morais e cristãs que sempre fazem
bem às pessoas, às famílias e à sociedade.
Dom
Genival Saraiva
Bispo
Emérito de Palmares - PE
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