segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Artigo: OUTUBRO: MÊS MISSIONÁRIO


Minha gente, outubro é o mês missionário, porque no dia 1º, celebramos a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus ou Santa Teresa de Lisieux (1873-1897), que é padroeira das Missões, junto com S. Francisco Xavier (1506-1552). Esta jovem, que morreu com 24 anos, foi uma freira carmelita, que viveu na vida contemplativa desde os 15 anos e nunca foi para uma missão, mas se entregou à oração pela conversão dos pecadores e pelos missionários da Igreja.

A missão faz parte da essência, da identidade da Igreja. O nosso povo diz que a nossa boca fala daquilo que o coração está cheio. Ora, se é Deus é aquele que preenche a nossa vida, ou seja, que dá sentido a nossa existência, então todo cristão deve falar e testemunhar aquele que está no nosso coração.

O documento de Aparecida (2007) fala que somos discípulos missionários. Todo autêntico discípulo, que se sentou aos pés do mestre Jesus, que reclinou sua cabeça sobre o peito aberto do Senhor se torna missionário deste mesmo Senhor. Um missionário só será autêntico se constantemente viver como discípulo.

A mensagem do papa Francisco para o dia mundial das missões deste ano, 3º domingo de outubro, recebeu o título: “Uma Igreja em saída”. Quero destacar alguns elementos desta bela mensagem, que está dividida em cinco partes.
Na introdução o papa nos diz: “Ainda hoje há tanta gente que não conhece Jesus Cristo”... “E, justamente sobre a alegria de Jesus e dos discípulos missionários, quero propor um ícone bíblico que encontramos no Evangelho de Lucas (cf. 10, 21-23).” Um ícone é uma imagem.
Na primeira parte ele descreve esse ícone: “Cumprida esta missão de anúncio, os discípulos regressaram cheios de alegria: a alegria é um traço dominante desta primeira e inesquecível experiência missionária.”... “As cenas apresentadas por Lucas são três: primeiro, Jesus falou aos discípulos, depois dirigiu-se ao Pai, para voltar de novo a falar com eles. Jesus quer tornar os discípulos participantes da sua alegria, que era diferente e superior àquela que tinham acabado de experimentar”.
Na segunda parte ele continua o seu raciocínio: ”Os discípulos estavam cheios de alegria, entusiasmados com o poder de libertar as pessoas dos demónios. Jesus, porém, recomendou-lhes que não se alegrassem tanto pelo poder recebido, como sobretudo pelo amor alcançado, ou seja, «por estarem os vossos nomes escritos no Céu» (Lc 10, 20)”... “Deus escondeu tudo isto àqueles que se sentem demasiado cheios de si e pretendem saber já tudo. De certo modo, estão cegos pela própria presunção e não deixam espaço a Deus.”
Na terceira parte nos dirá: “No contexto desta bondade divina, Jesus exultou, porque o Pai decidiu amar os homens com o mesmo amor que tem pelo Filho.”... “Trata-se de uma alegria pela salvação em ato, porque o amor com que o Pai ama o Filho chega até nós e, por obra do Espírito Santo, envolve-nos e faz-nos entrar na vida trinitária”... “«A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (Exort. Ap. Evangelii Gaudium, 1).”
Na penúltima parte insistirá naquilo que já falou no documento “Alegria do Evangelho”: “«O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada» EG 2)"... "Os discípulos são aqueles que se deixam conquistar mais e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de Deus, para serem portadores da alegria do Evangelho”... “Os bispos, como primeiros responsáveis do anúncio, têm o dever de incentivar a unidade da Igreja local à volta do compromisso missionário, tendo em conta que a alegria de comunicar Jesus Cristo se exprime tanto na preocupação de O anunciar nos lugares mais remotos como na saída constante para as periferias de seu próprio território, onde há mais gente pobre à espera. Em muitas regiões, escasseiam as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Com frequência, isso fica-se a dever à falta de um fervor apostólico contagioso nas comunidades, o que faz com as mesmas sejam pobres de entusiasmo e não suscitem fascínio.”...” Onde há alegria, fervor, ânsia de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas, nomeadamente as vocações laicais à missão.”
Por fim, na quinta parte, que citarei quase na íntegra, nos dirá. “Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7). O Dia Mundial das Missões é também um momento propício para reavivar o desejo e o dever moral de participar jubilosamente na missão ad gentes. A contribuição monetária pessoal é sinal de uma oblação de si mesmo, primeiramente ao Senhor e depois aos irmãos, para que a própria oferta material se torne instrumento de evangelização de uma humanidade edificada no amor. Queridos irmãos e irmãs, neste Dia Mundial das Missões, dirijo o meu pensamento a todas as Igrejas locais: Não nos deixemos roubar a alegria da evangelização! Convido-vos a mergulhar na alegria do Evangelho e a alimentar um amor capaz de iluminar a vossa vocação e missão. Exorto-vos a recordar, numa espécie de peregrinação interior, aquele «primeiro amor» com que o Senhor Jesus Cristo incendiou o coração de cada um; recordá-lo, não por um sentimento de nostalgia, mas para perseverar na alegria. O discípulo do Senhor persevera na alegria, quando está com Ele, quando faz a sua vontade, quando partilha a fé, a esperança e a caridade evangélica”
Que este mês missionário, seja um instrumento para aquecer o nosso ardor missionário, tornando-nos uma Igreja em Saída, movida pelo Espírito de Deus ao encontro de tantos que estão buscando a Deus. Que a padroeira das missões, que nos propõe a via da pequenez, da humildade, a “Pequena Via”, interceda por nós.
Termino, citando as palavras do nosso irmão-bispo-profeta-poeta-nordestino, Dom Hélder Câmara:
Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, 
quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.
É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos 
o centro do mundo e da vida.
É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos:
A humanidade é maior.
Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros.
É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.
E, se para descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares 
e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.


De peito aberto...

+Antonio Carlos Cruz Santos, msc

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