Minha
gente, outubro é o mês missionário, porque no dia 1º, celebramos a festa de Santa
Teresinha do Menino Jesus ou Santa Teresa de Lisieux (1873-1897), que é
padroeira das Missões, junto com S. Francisco Xavier (1506-1552). Esta jovem,
que morreu com 24 anos, foi uma freira carmelita, que viveu na vida
contemplativa desde os 15 anos e nunca foi para uma missão, mas se entregou à
oração pela conversão dos pecadores e pelos missionários da Igreja.
A
missão faz parte da essência, da identidade da Igreja. O nosso povo diz que a
nossa boca fala daquilo que o coração está cheio. Ora, se é Deus é aquele que
preenche a nossa vida, ou seja, que dá sentido a nossa existência, então todo
cristão deve falar e testemunhar aquele que está no nosso coração.
O
documento de Aparecida (2007) fala que somos discípulos missionários. Todo
autêntico discípulo, que se sentou aos pés do mestre Jesus, que reclinou sua
cabeça sobre o peito aberto do Senhor se torna missionário deste mesmo Senhor. Um
missionário só será autêntico se constantemente viver como discípulo.
A mensagem do papa Francisco para o dia mundial das missões deste ano,
3º domingo de outubro, recebeu o título: “Uma Igreja em saída”. Quero destacar
alguns elementos desta bela mensagem, que está dividida em cinco partes.
Na introdução o papa nos diz: “Ainda hoje há tanta gente que não
conhece Jesus Cristo”... “E, justamente sobre a alegria de Jesus e dos
discípulos missionários, quero propor um ícone bíblico que encontramos no
Evangelho de Lucas (cf. 10, 21-23).” Um ícone é uma imagem.
Na primeira parte ele descreve esse ícone: “Cumprida esta missão de
anúncio, os discípulos regressaram cheios de alegria: a alegria é um traço
dominante desta primeira e inesquecível experiência missionária.”... “As cenas
apresentadas por Lucas são três: primeiro, Jesus falou aos discípulos, depois
dirigiu-se ao Pai, para voltar de novo a falar com eles. Jesus quer tornar os
discípulos participantes da sua alegria, que era diferente e superior àquela
que tinham acabado de experimentar”.
Na segunda parte ele continua o seu raciocínio: ”Os discípulos
estavam cheios de alegria, entusiasmados com o poder de libertar as pessoas dos
demónios. Jesus, porém, recomendou-lhes que não se alegrassem tanto pelo poder
recebido, como sobretudo pelo amor alcançado, ou seja, «por estarem os vossos
nomes escritos no Céu» (Lc 10, 20)”... “Deus escondeu tudo isto àqueles que se
sentem demasiado cheios de si e pretendem saber já tudo. De certo modo, estão
cegos pela própria presunção e não deixam espaço a Deus.”
Na terceira parte nos dirá: “No contexto desta bondade divina, Jesus
exultou, porque o Pai decidiu amar os homens com o mesmo amor que tem pelo
Filho.”... “Trata-se de uma alegria pela salvação em ato, porque o amor com que
o Pai ama o Filho chega até nós e, por obra do Espírito Santo, envolve-nos e
faz-nos entrar na vida trinitária”... “«A alegria do Evangelho enche o coração
e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar
por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do
isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (Exort. Ap.
Evangelii Gaudium, 1).”
Na penúltima parte insistirá naquilo que já falou no documento
“Alegria do Evangelho”: “«O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e
avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do
coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais,
da consciência isolada» EG 2)"... "Os discípulos são aqueles que se
deixam conquistar mais e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão
pelo Reino de Deus, para serem portadores da alegria do Evangelho”... “Os
bispos, como primeiros responsáveis do anúncio, têm o dever de incentivar a
unidade da Igreja local à volta do compromisso missionário, tendo em conta que
a alegria de comunicar Jesus Cristo se exprime tanto na preocupação de O
anunciar nos lugares mais remotos como na saída constante para as periferias de
seu próprio território, onde há mais gente pobre à espera. Em muitas regiões,
escasseiam as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Com frequência, isso
fica-se a dever à falta de um fervor apostólico contagioso nas comunidades, o
que faz com as mesmas sejam pobres de entusiasmo e não suscitem fascínio.”...”
Onde há alegria, fervor, ânsia de levar Cristo aos outros, surgem vocações
genuínas, nomeadamente as vocações laicais à missão.”
Por fim, na quinta parte, que citarei quase na íntegra, nos dirá.
“Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7). O Dia Mundial das Missões é também
um momento propício para reavivar o desejo e o dever moral de participar
jubilosamente na missão ad gentes. A contribuição monetária pessoal é sinal de
uma oblação de si mesmo, primeiramente ao Senhor e depois aos irmãos, para que
a própria oferta material se torne instrumento de evangelização de uma
humanidade edificada no amor. Queridos irmãos e irmãs, neste Dia Mundial das
Missões, dirijo o meu pensamento a todas as Igrejas locais: Não nos deixemos
roubar a alegria da evangelização! Convido-vos a mergulhar na alegria do
Evangelho e a alimentar um amor capaz de iluminar a vossa vocação e missão. Exorto-vos
a recordar, numa espécie de peregrinação interior, aquele «primeiro amor» com
que o Senhor Jesus Cristo incendiou o coração de cada um; recordá-lo, não por
um sentimento de nostalgia, mas para perseverar na alegria. O discípulo do
Senhor persevera na alegria, quando está com Ele, quando faz a sua vontade,
quando partilha a fé, a esperança e a caridade evangélica”
Que este mês missionário, seja um instrumento para aquecer o nosso
ardor missionário, tornando-nos uma Igreja em Saída, movida pelo Espírito de
Deus ao encontro de tantos que estão buscando a Deus. Que a padroeira das
missões, que nos propõe a via da pequenez, da humildade, a “Pequena Via”,
interceda por nós.
Termino, citando as palavras do nosso irmão-bispo-profeta-poeta-nordestino,
Dom Hélder Câmara:
Missão é partir,
caminhar, deixar tudo, sair de si,
quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.
É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos
o centro do mundo e da vida.
É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos:
A humanidade é maior.
Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros.
É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.
E, se para descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares
e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.
quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu.
É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos
o centro do mundo e da vida.
É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos:
A humanidade é maior.
Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros.
É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los.
E, se para descobri-los e amá-los, é preciso atravessar os mares
e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo.
De peito
aberto...
+Antonio Carlos
Cruz Santos, msc
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