Crianças mantém tradições juninas em Caruaru (PE) / Foto: Charles Cavalcanti – Diocese de Caruaru
Para Dom Bernardino as
festas juninas são ocasião para construir gestos de paz e união e fazer com que
seja superada a dificuldade de acreditar uns nos outros
Dom Bernardino Marchió,
conversa com o jornalista padre Roger Araújo e destaca que o encontro entre as
pessoas nesta época é uma maneira para viver o Evangelho, que quer comunhão,
paz e fraternidade.
“Somos irmãos que queremos
aproveitar desse tempo de festa para estreitar os laços entre as famílias, para
reunir as pessoas, lembrar também que no fundo essas celebrações tem uma
conotação religiosa. São os santos que estão no coração do povo e santos que
nos dizem que viver o Evangelho é uma grande alegria.”
Quatro santos populares são
celebrados em junho: Santo Antônio, no dia 13, São João, no dia 24, e São Pedro
e São Paulo, dia 29.
Santo Antônio é padroeiro de
três paróquias na Diocese, além de ser celebrado no Convento dos Capuchinhos de
Caruaru. Algumas capelas são dedicadas à São Pedro e duas paróquias estão sendo
dedicadas a São Paulo. Dos quatro santos, São João é o menos celebrado do ponto
de vista religioso e litúrgico.
Para destacar o aspecto
religioso da festa do santo, a Igreja em Caruaru organiza, entre outras
atividades, uma Missa no dia de São João, 24, às 3h da manhã. Embora seja de
madrugada, Dom Bernardino comemora o sucesso da celebração que acontece no
mesmo local em que as quadrilhas se apresentam.
“Toda noite tem festas que
vão até meia noite, duas horas. Tem um parque de eventos onde os turistas vêm.
Durante a noite nem daria para fazer celebrações religiosas, então, começamos a
fazer uma celebração com todas as paróquias da cidade e assim conseguimos
atrair muita gente para essa celebração. A primeira experiência foi bonita.”
Dom Bernardino acredita que
a beleza dessa festa está no encontro entre as pessoas. Ele destaca por exemplo
a convivência em bairros, povoados e sítios, a partilha entre os “compadres” e
defende que este aspecto deve ser conservado.
“Comunicar boas notícias,
estar junto. É claro que hoje isso se perde um pouquinho, porque hoje entraram
muitas bandas que nem sempre é aquele forró pé de serra tradicional.”
Outra festa importante
celebrada em junho é a de Corpus Christi. Embora não seja ligada as festas
juninas, a Diocese de Caruaru aproveita a ocasião para celebrá-la no pátio de
eventos. Até 40 mil fiéis se reúnem.
“Há mais de 10 anos
conseguimos que na noite de Corpus Christi não venha nenhuma outra banda, somos
nós que fazemos a festa. Quando eu pergunto quem é a atração daquela noite? É
Jesus Cristo, a Eucaristia!”
Para o Bispo de Caruaru, até
mesmo as comidas típicas são ocasião que proporcionam a vivência fraterna e a
alegria. Ele conta, de maneira descontraída, que mesmo “sem comer muito” vai às
barracas de comidas típicas e atende à convites das famílias, porque acredita
que isso é importante para manter laços de fraternidade com os outros.
“As festas juninas nos
ajudam a confraternizar, não é tudo perfeito, não é tudo Evangelho. Mas no meio
dessas coisas humanas, dessas dificuldades, nós todos queremos sempre mais
construir gestos de paz, fazer com que as pessoas se unam, fazer com que as
pessoas vençam a dificuldade de acreditar no irmão.”
Fonte: Canção Nova
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