Manhã
do dia 27 de maio de 1969. O corpo do Padre Antônio Henrique Pereira Neto era
encontrado, com marcas de tortura e execução, em um terreno baldio, na Cidade
Universitária, no Recife. Versão
oficial: crime comum, supostamente cometido por toxicômanos, sem motivação
política. Manhã do dia 27 de maio de 2014: 45 anos depois. Comissão Estadual da
Memória e Verdade de Pernambuco apresenta relatório oficial sobre o caso e
conclui: “o assassinato do Padre Antônio Henrique foi, eminentemente, um crime político”.
Os detalhes deste trabalho serão revelados durante coletiva à imprensa, às 10h,
na Capela São José dos Manguinhos, no bairro das Graças, com a presença do
Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido. O evento é aberto ao
público. Secretários de governo, parlamentares, entidades religiosas,
representantes da sociedade civil entre outras autoridades são aguardadas na
solenidade.
O
documento será apresentado no Volume 02 do Caderno da Memória e Verdade da
CEMVDHC. O relatório é subdivido em cinco tópicos: biografia, sequestro e
assassinato, metodologia de trabalho empregada pela CEMVDHC, documentos confidenciais
do Serviço Nacional de Informações (SNI) e a conclusão sobre o assassinato do
Padre Antônio Henrique. “O crime foi perpetrado por agentes do Estado de
Pernambuco, em conluio com civis integrantes da chamada extrema direita, com o
desiderato de aterrorizar, amedrontar e coibir o inconteste foco de resistência
ao regime militar então exercido por parte considerável da Igreja Católica no
Estado de Pernambuco, sob a liderança do arcebispo de Olinda e Recife, Dom
Helder Câmara”, diz o relatório.
Na
ocasião, também serão entregues ao Arcebispo Dom Fernando Saburido dois volumes
digitalizados e impressos pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) contendo
o Prontuário de Dom Hélder Câmara, o Prontuário do Padre Antônio Henrique
Pereira da Silva Neto e outros documentos relacionados às perseguições
políticas ao arcebispo Helder Câmara e seus auxiliares, todos do Arquivo
Público Estadual João Emerenciano (APEJE – DOPS). O relator do caso é Henrique Mariano também secretário
geral da CEMVDHC.
O
que é Caderno da Memória e Verdade – lançado em 2013. Objetiva intensificar o
relacionamento com a sociedade, especialmente com aquelas entidades,
instituições e pessoas – na maioria ex-presos políticos ou parentes de mortos e
desaparecidos, possibilitando o esclarecimento de graves violações de direitos
humanos ocorridas em Pernambuco, ou contra pernambucanos ainda que fora do
Estado.
Ainda
durante a coletiva de imprensa, o arcebispo metropolitano Dom Fernando Saburido
anunciará a reinstalação da Comissão de Justiça e Paz, instituída por Dom
Helder em 03 de março de 1968. Na época, o grupo foi defensor de presos
políticos e perseguidos pela ditadura militar. Para presidir a Comissão, o
arcebispo nomeará o Administrador Apostólico de Palmares, Dom Genival Saraiva de França,
que também assumirá a função de vigário geral da arquidiocese.
Padre
Henrique - natural da cidade do Recife (PE), o primogênito dos doze filhos do
casal José Henrique Pereira da Silva Neto e Isaíras Pereira da Silva (falecidos
em 1972 e 2003, respectivamente) nasceu na manhã do dia 28 de outubro de 1940,
recebendo o nome de Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, em homenagem ao avô
paterno. Foi matriculado pela primeira vez no Grupo Escolar Martins Júnior, no
bairro da Torre. Posteriormente, foi para o Ginásio da Madalena onde cursou
todo o primeiro grau. Em 1955, com 15 anos, matriculou-se no Colégio Salesiano
para o Curso Cientifico (atualmente Ensino Médio) onde estudava no período
noturno. Pela manhã exercia atividade de office boy no Citibank. Aos 16 anos
ingressou no Seminário Menor – Seminário da Imaculada Conceição –, no bairro da
Várzea, no Recife. Em 1961 estudou nos Estados Unidos, no Mount Saint Bernard Seminary,
em Dubuque, Iowa. Retornou para o Brasil em janeiro de 1962. Após nove anos
como seminarista, foi ordenado sacerdote, no dia 25 de dezembro de 1965, aos 25
anos de idade, pelo então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara, na
Igreja da Torre, no Recife. Logo após a ordenação foi convidado para ser
assessor de Dom Helder Câmara e trabalhar na Pastoral da Juventude, sendo
orientador espiritual de jovens universitários e secundaristas. Aberto aos
tempos modernos, não usava batina, salvo em cerimônias de ritual católico.
SERVIÇO:
MOTIVO:
Coletiva Caso Padre Henrique
HORÁRIO:
10h
DIA:
27 de maio (terça-feira)
LOCAL:
Capela São José dos Manguinhos, no bairro das Graças, Recife.
(Avenida
Rui Barbosa s/n, em frente à Casa dos Frios).
Fonte: Arquidiocese de Olinda e Recife
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