A
existência humana é uma batalha. “Meus dias correm mais rápido do que a
lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é
apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade” (Jó 7,6s). Estas
são palavras realistas sobre a vida humana. Palavras cheias de esperança,
porque feita à luz de Deus. Uma coisa é pensar nas realidades negativas de
nossa existência simplesmente contando com nossas forças. Há situações em que
as suas causas são facilmente explicadas. Há outras, em que nos deparamos com o
mistério do sofrimento humano. Que sentido tem a nossa existência? O triste na
vida não é sofrer, nem chorar e nem morrer. Triste é sofrer, chorar e morrer
sem Deus. A resposta ao sofrimento humano acontece através da fé, da
experiência do amor de Deus na oração, do silêncio humilde diante do mistério e
da entrega confiante nas mãos de Deus. As situações de sofrimento não devem ser
motivo para desânimo. Podem ser ocasião para crescimento e vida nova, para
refletir sobre a vida e reorientar o caminhar cotidiano. A fé pode crescer,
purificar-se e amadurecer em meio à provação. A resposta diante do sofrimento
deve ser feita de amor, compaixão e solidariedade. Há muita gente precisando do
nosso amor, de oração e presença solidária. É preciso sair de si,
deixando de pensar tanto nos próprios sofrimentos, para ir aos que mais sofrem.
Jesus
vai ao encontro dos que sofrem (Mc 1,29-39). Ele toma pela mão a sogra de Pedro
e erguendo-a do seu leito, revela que vem nos tomar pela mão – a nós, feridos e
doentes de tantas doenças, fraquezas e medos! Em Jesus, Deus revela o sentido
de nossa existência porque se revela como Deus próximo, Deus de compaixão, Deus
capaz de dar um sentido às nossas dores e até à nossa morte. Cristo nos toma
pela mão, Cristo toma sobre si as nossas dores. Não precisamos fingir que não
envelhecemos, que não adoeceremos, que não morreremos. Sabemos que em Cristo,
tudo se enche de novo sentido. Por isso todos o procuram, porque procuram um
sentido para a existência! Nosso modo de ver a vida é aquele mesmo que o Cristo
nos ensinou e do qual ele mesmo nos deu o exemplo pela sua vida e pela sua
morte.
Encontramos
em Cristo o verdadeiro sentido de nossa existência. Sejamos, pois, anunciadores
da Boa Nova de Jesus. Como nos mostra São Paulo (1Cor 9,16): “ai de mim se eu
não pregar o evangelho”, que para dar razão ao existir é preciso fazer da vida uma
missão em favor do Evangelho.
Neste
sentido, no próximo dia 11 de fevereiro, a nossa querida Diocese de Guarabira,
ganhará quatro novos sacerdotes, para que anunciem o Evangelho, não se
anunciem; sejam missionários, não ordenados para si mesmos; doem-se aos pobres
e sofredores.
Aproximemo-nos
do Senhor; nele apostemos nossa existência e tornemo-nos para os outros sinais
de esperança e de vida, como São Paulo que se sentia devedor do Evangelho a
todos. Que seja o Senhor Jesus consolo de nosso pranto, força no nosso caminho,
alívio de nossas dores e prêmio de vida eterna.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena – Bispo de
Guarabira(PB)
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