segunda-feira, 13 de julho de 2015

Em visita a presídio, arcebispo de Olinda e Recife lamenta condições precárias



O arcebispo de Olinda e Recife e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), dom Fernando Saburido, realizou visita pastoral à Penitenciária Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB), no Complexo do Curado, Zona Oeste da Capital, na última quarta-feira, 8. O religioso participou da atividade realizada semanalmente pelos agentes da Pastoral Carcerária nas 11 unidades prisionais no território arquidiocesano.

Dom Fernando entrou em alguns pavilhões e enfermaria, rezou e ouviu relatos dos reeducandos. O coordenador de Pastorais da Arquidiocese, padre Josenildo Tavares, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, o superintendente de Segurança  e o juiz titular da Vara de Execuções Penais Luiz Rocha acompanharam a ação.

O número de detentos superior à capacidade de acomodação do local, as condições precárias das instalações e a falta de atividades educacionais e profissionalizantes foram alguns dos problemas constatados e que afligem o arcebispo a cada visita.

“Sempre me choca a maneira desumana como são tratados os presos. Reconheço que cometeram graves atos ilícitos, mas toda criatura humana deve ser tratada com dignidade. A superlotação dos presídios é algo preocupante. É igualmente preocupante a ociosidade dos presos. A defensoria pública deveria ser reforçada para dar condições de dar contas da grande demanda de processos. 
Muita gente, com problemas mais simples, poderiam já ter os seus problemas resolvidos. Faz-se necessário investir na educação e profissionalização dos reeducandos, para que eles tenham, de fato, condições de ressocialização”, lamentou dom Saburido.

A inquietação do religioso se tornou ainda mais visível quando ele teve contato com os presos enfermos e constatou a assistência insatisfatória que recebem. “Fiquei muito emocionado com aqueles que estavam na super precária enfermaria. Havia carência de tudo e cada um que quisesse falar de suas angústias e necessidades”, contou.

Muitos buscavam uma palavra de esperança ou mesmo ter alguém que ouvisse e intercedesse por eles. “Perguntaram-me se gostaria de visitar as enfermarias onde se encontravam os presos soropositivos e Tuberculose. Afirmei que sim e estive lá para rezar com eles e dá-lhes uma palavra de conforto espiritual”, revelou o arcebispo.

A Pastoral Carcerária promove celebrações em datas litúrgicas importantes como a Páscoa e o Natal. Dom Fernando celebra a cada ano uma Missa Natalina com os presos. O último a ter a cerimônia com a presidência do religioso foi realizada em janeiro no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), na cidade de Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife. A partir da visita à PJALLB, o arcebispo pretende ir aos presídios com mais frequência para dar assistência espiritual e reforçar as ações da pastoral. A ideia é que a cada dois meses, ele possa se integrar à missão com os agentes da Pastoral Carcerária.

Missão
A Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Olinda e Recife assiste cerca de 19,5 mil presos entre homens e mulheres. Desse total, mais de 13 mil sequer foram julgados. Inspirados no Evangelho de Cristo, os agentes da pastoral trabalham para garantir a dignidade dos encarcerados, combatendo a violência praticada pelo Estado, e ajudando-os na reinserção social.

Como resultado, mais recente, desse trabalho feito em parceria com o Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (SEMPRI), da Justiça Global e da Clínica Internacional de Direitos Humanos da Universidade de Harvard, o Brasil terá que adotar, urgentemente, medidas provisórias para proteger a vida e integridade dos presos, visitantes e agentes penitenciários do Complexo Penitenciário de Curado. A determinação é da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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