segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dom Jaime em Natal - Dom Genival Saraiva

Qualquer pessoa pode ir a um determinado lugar, por motivo pessoal ou por ofício institucional. Há idas ocasionais, há mudanças temporárias, há transferências definitvas. Nesse sentido, há experiências de toda ordem, na casuística pessoal e na história das instituições. Na verdade, identificam-se, em muitos casos, motivações pessoais e interesses empresariais; em muitas situações, conflitam-se essas coisas; de qualquer forma, em vista do bem comum, o ideal é quando há uma convergência entre a aspiração da pessoa e a necessidade da instituição. 

 Na vida da Igreja registra-se também esse estado de coisas. A Igreja necessita de servidores e servidoras, em muitas de suas frentes de atuação. Entre os seus membros, há quem expressa o desejo, há alguém que revela a disponibilidade de servir em determinadas frentes. Uma dessas frentes é o serviço ministerial de um Bispo, à frente de determinada “porção do povo de Deus” que é uma Diocese/Arquidiocese. Segundo os caminhos normais do processo canônico de nomeação ou transferência, o Bispo é chamado a prestar um serviço à Igreja para a qual está sendo designado. Obviamente, é um chamado formal que supõe uma resposta livre e generosa. Isso ocorre em qualquer designação, com a linguagem típica de cada caso, é claro. Dada a natureza desse serviço eclesial, trata-se de uma mudança programada e não de um transplante forçado. 

É com essa linguagem que se compreende a presença de Dom Jaime em Natal, como Arcebispo Metropolitano. Saiu dessa Igreja Particular, para o exercício do pastoreio episcopal em Caicó e em Campina Grande; nela se reinsere numa condição canonicamente diferente. Volta conhecendo, suficientemente, a geografia física da Arquidiocese; volta com a necessidade de conhecer melhor a geografia humana que, com certeza, tem face nova, considerando-se um interstício de dezesseis anos. Diante de situações na vida de quem sai e volta, escreveu, magistralmente, José Américo de Almeida: “Ninguém se perde na volta.” Essa afirmação se aplica a Dom Jaime com todo acerto. Conhece as estradas que o trazem a Natal, sem perigo de errar. Conhece, basicamente, o perfil da Igreja Arquidiocesa e o mosaico da sociedade civil e política.

Jesus Cristo, como expressa seu lema – “Scio Cui Credidi” (Sei em quem acreditei) - é a razão de ser de sua nova missão em Natal. Em seu ministério, um Bispo anuncia Jesus Cristo porque sua missão corresponde à de João Batista: “Mas entre vós está alguém que vós não conheceis”. (Jo 1,26) Não obstante a catequese da Igreja, que chegou ao século XXI, o primeiro anúncio de Jesus Cristo, o querigma, continua sendo uma necessidade na consciência de muitas pessoas e na vida de muitos segmentos da sociedade. Assim sendo, diante da secularização, uma dos distintivos da pós modernidade, esse anúncio representa um desafio para qualquer Bispo. 

Como a pastoral não é um receituário, mesmo respaldado em sua experiência episcopal, com certeza, Dom Jaime fará uma leitura contextualizada da realidade dessa Igreja que o recebe, a fim de exercer seu serviço ministerial, apropriadamente. Ao anunciar Jesus Cristo, nessa sociedade a ser evangelizada, a humildade de João Batista - “É necessário que ele cresça, e eu diminua” (Jo 3,30) - será uma iluminação para o êxito do trabalho pastoral.

Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.

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