Um deles se refere às APPs, áreas de preservação permanente, como encostas, morros e margem de rios. O novo texto do Código autoriza a continuidade das atividades agrícolas, ecoturismo e turismo rural nas áreas desmatadas até 22 de julho de 2008. O comitê não concorda com esta data e defende que a lei deve retroceder a julho de 2001.
“Em 2008 já existia a legislação que temos hoje de proteção à beira de rio e nascentes. Nada foi modificado naquele ano; portanto estamos demandando que, se de fato a lei só quer reconhecer áreas que foram implantadas legalmente à sua época, que pelo menos volte para 2001, ano de conversão da medida provisória que foi a última modificação da lei” – segundo Raul Valle, coordenador do Instituto Socioambiental.
O relatório do novo Código Florestal está agora em tramitação da Comissão de Meio Ambiente do Senado. O relator nessa comissão, o senador Jorge Viana, quer ampliar a abrangência do projeto. Ele não trataria apenas do meio rural, mas também da cobertura vegetal e do uso do solo nas regiões urbanas, principalmente nas áreas de risco.
Segundo o senador Jorge Viana, o novo Código só deve ir para votação no plenário do Senado no fim de novembro.
Presente no debate, o Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, Dom Leonardo Steiner, afirmou que a agenda econômica não deve estar acima da agenda ambiental no novo Código Florestal.
Dom Leonardo defendeu que o novo código estabeleça regras em defesa da agricultura familiar. Também alertou para a necessidade de manutenção de Áreas de Preservação Permanente (APPs), para evitar novas enchentes e deslizamentos de terras.
“A natureza tem reclamado muito desse modo de exploração. Não é por nada que temos tido no Brasil tantas enchentes, inundações e encostas descendo” - disse o bispo, ao defender que o novo código tenha uma preocupação ética, que garanta o futuro do país. Na opinião de Dom Leonardo Steiner, o novo código precisa garantir a conservação e o uso sustentável das florestas em todos os biomas brasileiros e tratar de forma diferenciada agricultores familiares e populações tradicionais. Em entrevista exclusiva à RV, o bispo declarou:
“A CNBB tem acompanhado toda esta discussão. Ainda 2ª feira, antes de viajar, estive no Senado Federal, participando de um debate sobre o Código Florestal. A CNBB tem participado com mais de 150 entidades deste debate que engloba muito a Amazônia, mas também nós sentimos, na CNBB, uma preocupação cada vez maior de uma partilha, de um acompanhamento. Eu diria: não temos muitas novidades, mas temos crescido num espírito de partilha, de preocupação, num espírito de missionariedade. Desde a Campanha da Fraternidade que abordou o tema da Amazônia creio que a Igreja do Brasil tem dado bons passos, e na próxima Assembleia, no ano que vem, voltaremos à discussão justamente também sobre a comunhão e a partilha, e certamente as nossas Igrejas particulares da Amazônia serão novamente olhadas com muito carinho”.
Fonte: CNBB
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