segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ação transparente


            A sociedade contemporânea está sempre mais exigente em relação à conduta de pessoas que têm responsabilidades públicas. O direito à privacidade é um dado inerente à natureza da ética e da democracia. Todavia, na medida em que uma pessoa assume funções de interesse coletivo, sua vida e suas ações passam a ser enxergadas pela lente da sociedade que dispõe de meios legítimos para averiguar e divulgar o seu perfil público. Isso não fere o direito à privacidade, é claro. A mídia mostra, repetidamente, um quadro de corrupção muito acentuado nas diversas instâncias da administração pública, com repercussões muito concretas na vida do povo. É óbvio que as investigações sobre pessoas e grupos, para serem legítimas, devem ter o respaldo legal que é assegurado por autorização judicial. O período de observação de casos dessa natureza é mais ou menos longo, conforme a natureza da investigação autorizada pela Justiça. Chamam a atenção da população os casos de corrupção que envolvem, inclusive, pessoas insuspeitáveis cuja reputação era considerada irretocável. Quando isso ocorre, sem dúvida, a credibilidade dessas pessoas fica comprometida, começando pelo desmoranamento de sua imagem perante sua família.
É muito comum haver o desvio de conduta das pessoas na “relação público-privada” que inclui, via de regra, propina, suborno, “caixa dois” e outras formas de corrupção. Estas coisas, muito conhecidas no linguajar da mídia, estão muito presentes nos serviços executados ou em execução, mediante a assinatura de contratos entre o poder público e a iniciativa privada ou quando se pretende conquistar posições cobiçadas e auferir benefícios financeiros. Lamentavelmente, a presença desses protagonistas da corrupção está se tornando, cada vez mais, um “lugar comum” na administração pública e uma prática corriqueira em muitos segmentos do mundo empresarial.
            De outro lado, há um número muito grande de pessoas imunes a esse tipo de artimanha, consideradas a pureza de sua intenção, a lisura de sua conduta e a verdade de sua ação. Em geral, essas pessoas são identificadas entre os extratos populares da sociedade e entre aquelas que têm apurados princípios éticos e sólida formação religiosa. Nessa linha, um exemplo está falando, de forma muito eloquente, à sociedade, em razão de sua transparência – o Papa Francisco. Suas palavras e seus gestos estão dizendo à Igreja que deve transparente diante do mundo e perante si mesma. “Vemos que a forma como o papa trata com transparência as questões que envolvem a Igreja vai refletir em toda ela, não somente, no Vaticano.”
            A ação transparente constitui uma exigência na vida de qualquer pessoa.

                                                           Dom Genival Saraiva
                                                           Bispo de Palmares - PE

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