quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Responsabilidade social


            A sociedade brasileira tem um perfil próprio, com traços que remontam às origens da colonização portuguesa e com elementos que revelam o estágio atual do desenvolvimento nacional. Em que pese a constatação do avanço em muitos campos da atividade econômica, persiste muito evidente o retrato das desigualdades sociais no Brasil. Isso é visível na localização do mapa regional no país, na comparação entre a vida na grande cidade e no campo, entre o centro e a periferia da mesma cidade; salta aos olhos a diferença entre a educação oferecida a crianças, adolescentes e jovens das camadas populares e a quem pertence às “classes AB” da sociedade; esse mesmo parâmetro é verificado no setor saúde, daí haver uma distância abismal entre o atendimento em Hospitais públicos, inclusive universitários, que atendem às “classes DE”, e Hospitais particulares, “de primeiro mundo”. Um olhar histórico sobre a realidade social brasileira apresenta, é claro, outras referências na identificação do perfil da população.            O Papa Francisco, ao encontrar-se “com lideranças políticas, culturais e empresariais brasileiras”, no Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude, em face dos valores e diante dos desafios da cidadania brasileira, na perspectiva da justiça social, tratou da “responsabilidade social” que “exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir. (...) Os gritos por justiça continuam ainda hoje”.
            Durante muito tempo, a população brasileira acomodou-se, social e politicamente, numa atitude de indiferença, passividade e omissão, frente ao “status quo”, sempre muito diferenciado, em cada geração, ao longo dos tempos. Algo começa a mudar nessa matéria, graças ao avanço no nível da escolaridade, ao processo de educação política e à consciência da responsabilidade social. Constata-se que segmentos da população vão assumindo o protagonismo da mudança e da transformação, em vista da conquista de uma melhor qualidade de vida para todos. Nessa mobilização, milhares de pessoas reivindicam a adoção de políticas públicas que são necessárias ao bem-estar coletivo; a sociedade entende que outra coisa é a presença de indivíduos, normalmente mascarados, que participam de atos pacíficos com o intuito de desestabilizar a ordem pública e depredar bens públicos e privados.A história mostra que a busca da justiça social se pautou em concepções e assumiu práticas de vários matizes filosóficos e políticos. São muito conhecidos os palcos de conflito social, em todo o mundo. Ante essa realidade de conflito, o Papa Francisco advoga a prática do diálogo – “diálogo, diálogo, diálogo” - e o exercício da “cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos.”                                                            Dom Genival Saraiva                                                           Bispo de Palmares -PE

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