O Dia de Finados nos
coloca diante do mistério da morte, em toda a sua amplitude. Desde os primeiros tempos da fé cristã, a Igreja terrena cultiva com
grande piedade a memória dos defuntos e oferece sufrágios por eles. Neste dia celebramos
nossa fé na ressurreição. Sem ela, a mesma fé seria vã (cf. 1Cor 15,14) e nós
não poderíamos fazer outra coisa, diante da morte, do que “afligir-nos como os
outros que não têm esperança” (1Ts 4,3). Rezemos pelos nossos finados,
dirigindo o pensamento para o mistério da morte, herança comum de todas as
criaturas. Somos chamados a confrontarmo-nos com o enigma da morte e, por
conseguinte, como viver bem, como encontrar a felicidade.
A comemoração dos finados, aqueles que chegaram ao fim da vida terrena e
já começaram a vida eterna, à qual é dedicado o dia 2 de novembro, ajuda-nos a
recordar os nossos entes queridos que nos deixaram e todas as almas a caminho
da plenitude da vida, precisamente no horizonte da Igreja celestial. O Dia de
Finados foi instituído por Santo Odilon, Abade de Cluny, na França, no ano de
998, no dia seguinte à festa de Todos os Santos (1º de novembro). Rezem por
quem já morreu, na certeza da vida eterna.
No
dia de Finados, não festejamos a morte. Seria uma ignorância e uma contradição.
Celebramos sim, nossa fé na ressurreição e a esperança do encontro na morada
que Jesus nos preparou. A Igreja católica não condena quem reza pelos finados. Quem
busca caminhar com Jesus, na vida, estará com Ele na morte e na eternidade.
Nossa morte não é um fim. É nossa páscoa, nossa passagem para a casa do Pai.
Nada pode nos separar
do amor de Cristo. Quem morre sai deste mundo, destas dimensões e entra na
eternidade. Na eternidade, não existe tempo, nem espaço. Deus vê sempre como
presente nossa oração, passada ou futura. Rezemos pelos nossos entes queridos
falecidos que morreram na esperança da ressurreição. Pois, no dia de Finados
nós não rezamos aos mortos, mas pelos mortos. Na morte a vida não é tirada, mas
transformada. Por isso, o povo costuma dizer dos falecidos:
“passou desta para a melhor!” Olhemos, portanto, a morte com os olhos da fé e
da esperança cristã, não com desespero, pensando que tudo acabou. Uma nova vida
começou eternamente. Nossa
vida é eterna.
A oração pelos mortos é não só útil, mas
necessária, de forma que o pranto, devido ao afastamento terreno, não prevaleça
sobre a certeza da ressurreição. Também a visita aos cemitérios, “lugar dos que
dormem”, ao mesmo tempo que guarda os laços de afeto com aqueles que nos amaram
nesta vida, recorda-nos que todos tendemos para uma outra vida, para além da
morte. São Francisco de Assis, ensina-nos: “Louvado sejais, meu Senhor, pela
nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem pode fugir... é morrendo que
se vive para a vida eterna”. Aos que
visitarem o cemitério e rezarem, mesmo que só mentalmente, pelos defuntos,
concede-se diariamente uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos, do
dia 1º ao dia 8 de novembro, mediante confissão sacramental, comunhão
eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice.
Enfim, com a Igreja pedimos, para os
nossos finados: o descanso, a luz e a paz. Que todos os que nos precederam
descansem em paz e a luz perpétua brilhe para eles. Que as almas dos fiéis
defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz! Amém!
0 comentários:
Postar um comentário